Modos de orientação na floresta e as formas do entender no extrativismo comercial da castanha entre quilombolas do Alto Trombetas, Oriximiná/PA
DOI:
https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2020.168623Palavras-chave:
Conhecimento, Amazônia, Orientação, Quilombolas, NaturezaResumo
Os quilombolas do Alto Trombetas, município de Oriximiná/PA, desde o tempo que se estabeleceram nesta região no início do séc. XIX até os dias de hoje, têm o extrativismo comercial da castanha como a principal modalidade de intercâmbio comercial desenvolvida com os diversos segmentos regionais que habitavam e habitam a região. Atualmente, os castanhais localizados no território dos quilombolas são de usufruto coletivo e para evitar a concorrência muitos extrativistas, através da restrição da transmissão de certos saberes relacionados ao ramo castanheiro, buscam a exclusividade de uso de fragmentos específicos destas florestas. Alguns saberes que muitas vezes concretizam por longo tempo este desejo da exclusividade e que integram os modos locais de conhecer e de se relacionar com os castanhais, são assinalados pelo conceito local denominado entender. Entender uma mata de castanhal se faz pela prática contínua e de longa duração da coleta das amêndoas das castanheiras e das atividades paralelas do extrativismo da castanha como a caça, a pesca e a coleta de outros gêneros vegetais nos mesmos fragmentos florestais. Este artigo busca, através da descrição e análise etnográfica de algumas habilidades constituintes do ramo castanheiro, especialmente dos modos de orientação na floresta, demonstrar como os saberes expressos pelo conceito de entender, se produzem e se atualizam nesta atividade.
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