A manutenção de representação do Estado na província num contexto eleitoral e poderes difusos em Moçambique
O que isso significa para a accountability vertical?
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2526-303X.i45p%25pResumo
A crítica ligada à existência de representação do Estado na província baseou-se na sobreposição de poderes que afetava diversos setores da democracia provincial, dentre os quais destaca-se o processo de responsabilização dos governadores eleitos. De fato, a atuação destes atores se confundia e tornava difícil a distinção do órgão com responsabilidades de prestação de contas na província. Esta situação era agravada pelo contexto da eleição do governador que chegava à província sem o cidadão o conhecer, uma vez que a sua eleição ocorre em simultâneo com múltiplos atores. Entretanto, isso quase mudou na segunda legislatura quando o Presidente, Daniel Chapo, prometeu reduzir o protagonismo de representação do Estado na província, o que possibilitaria a distinção da figura que governa e a sua responsabilização, todavia a promessa não seguiu adiante. Este estudo surge desta inércia, busca compreender o exercício de accountability vertical num contexto de persistência de cenários críticos à sua efetividade. Para o efeito, recorremos à abordagem qualitativa e concluímos que a manutenção da representação do Estado nos mesmos moldes do pretérito condiciona a efetividade de responsabilização na província.
Downloads
Referências
BEULA, Emídio. Seis Meses Depois. Governo reconhece impraticabilidade do modelo de descentralização e começa a recuar. CDD. Ano 02, n.º 44. 2020.
BOVENS, M; SCHILLEMANS, T; ‘T HART. Does public accountability work? An assessment Toll. Public Administration, 86 (1), 225-242. 2014.
CADANGUE, Carlitos. Edson Macuácua defende revisão do modelo de governação descentralizada. O País. Maputo, 28 ago.2021.
DIAMOND, Larry; MORLINO, Leonardo. “The Quality of Democracy: An Overview”. Journal of Democracy, Baltimore, v. 15, n. 4, p. 20-31. 2004.
DOWDLE, Michael. “Public accountability: Conceptual, historical, and epistemic mappings”. In: DRAHOS, Peter (Ed.). Regulatory Theory: Foundations and applications. Canberra: ANU Press, p. 197-216. 2017.
FERNANDES, António J. Introdução à Ciência Política: teorias, métodos e temáticas. Porto: Porto. 2008.
GUAMBE, Egídio; ROSÁRIO, Domingos do. Sem perfil nem qualificador definidos. Secretário de Estado na Província não deve parecer um comissário político disfarçado. EISA. Policy Brief No. 5. 02.06.2020.
LINDBERG, Staffan I. Accountability: the core concept and its subtypes. Africa Power and Politics Programme (APPP). 2009.
MALENA, C.; FORSTER, R.; SINGH, J. Social Accountability: An Introduction to the Concept and Emerging Practice. Washington DC: World Bank (Social Development Papers - Participation and Civic Engagement, Paper No. 76). 2004.
MANIN, Bernard; PRZEWORSKI, Adam; STOKES, Susan. “Eleições e Representação”. Neste volume, p. 49-104. 2006.
MBATE, Michael. Decentralisation, Governance and Accountability: Theory and Evidence. Journal of African Democracy and Development Vol. 1, pp 1-16. 2017.
MULGAN, Richard. ‘Accountability’: An Ever-Expanding Concept?. Public Administration, 78(3), 555-573. 2000.
O’DONNELL, Guillermo. Accountability horizontal e novas poliarquias. Lua nova: revista de cultura e política, São Paulo, CEDEC, n. 44, pp. 27-103. 1998.
OECD. Accountability and Democratic Governance: Orientations and Principles for Development, DAC Guidelines and Reference Series, OECD Publishing. 2014.
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Discurso de Investidura do 5º Presidente da República de Moçambique, Sua Excelência Daniel Francisco Chapo. Maputo,
Maputo, Mozambique: República de Moçambique. Janeiro 15 de 2025.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. Decreto n.º 63/2020: Regulamenta a Lei n.º 7/2019, de 31 de Agosto, que estabelece o quadro legal da organização e do funcionamento dos Órgãos de Representação do Estado na Província e revoga os Decretos n.°s 5/2020, de 10 de Fevereiro e 16/2020, de 30 de Abril. Boletim da República. Maputo: Imprensa Nacional de Moçambique. 2020.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. Decreto n.º 64/2020: Regulamenta a Lei n.º 4/2019, de 31 de Agosto, que estabelece o quadro legal dos princípios, das normas de organização, das competências e do funcionamento dos Órgãos Executivos de Governação Descentralizada Provincial e revoga os Decretos n.º 2/2020, de 8 de Janeiro e 15/2020, de 13 de Abril. Boletim da República. Maputo: Imprensa Nacional de Moçambique. 2020.
SCHEDLER, Andreas. Conceptualizing Accountability. In: SCHEDLER, Andreas; DIAMOND, Larry; PLATTNER, Marc (Eds.). The self-restraing State: Power and accountability in new democracies. Boulder: Lynne Rienner Publishers, , p. 13-28. 1999.
SCHMITTER, Philippe. C. Political Accountability in ‘Real-Existing’ Democracies: Meaning and Mechanisms. Florence: European University Institute. 2007.
SITOE JÚNIOR, António Bai. Descentralização Provincial em Moçambique e os Desafios de Accountability Vertical num Contexto de Sobreposição De Poderes: Uma Análise a partir da Província de Maputo (2019-2023). Dissertação em Ciência Política. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane (UEM). 2024.
WEIMER, Bernhard e BUENO, Natália Paz e Reconciliação em Moçambique. Conjuncturas Críticas e Dependência da Trajectória. In: Salvador Forquilha (org). Desafios para Moçambique 2020: Maputo. Instituto de Estudos Económicos e Sociais (IESE): 65-95. 2020.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 António Bai Sitoe Júnior

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
A reprodução de qualquer dado, mesmo em resumo, de matéria contida nesta publicação, só será permitida com a citação do nome, número e o ano desta revista.

