São Luiz do Paraitinga

o imaginário fundacional e suas projeções

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02672019v27e15

Resumo

O artigo discute como o imaginário fundacional da cidade paulista de São Luiz do Paraitinga, relacionado ao traçado urbano da cidade estabelecido na administração do Morgado de Mateus, na província de São Paulo, foi utilizado como argumento nos processos de tombamento dos patrimônios da cidade, contribuindo para a elaboração memorialística de seus moradores. Também analisa outras características históricas, culturais e físicas da região presentes nos imaginários sobre a cidade. Não obstante sua localização no Vale do Paraíba, a influência da cultura do café foi relativa nesta cidade, pois não promoveu ali um conjunto de construções monumentais tão expressivo como em outras cidades da região. A dificuldade de acesso, entre outros motivos, contribuiu para, entre o final do século XIX e início do XX, inibir o desenvolvimento econômico de São Luiz do Paraitinga que, a partir dos anos 1980, buscou na valorização do patrimônio cultural e na vocação para o turismo uma alternativa. Um fato inesperado, a enchente ocorrida em 2010, fez emergir reflexões sobre como a tradição e a memória se tornaram suportes para a reconstrução física e moral da cidade, no intuito de manter a identidade conquistada. O artigo traz também uma reflexão sobre os limites do tombamento para a preservação de conjuntos urbanos, cujas discussões e ações deveriam ocorrer no âmbito do planejamento e da gestão territorial.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Renata Rendelucci Allucci, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

    Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde faz parte do grupo de pesquisa Patrimônio, Políticas de Preservação e Gestão Territorial. Mestre em História pela PUC-SP, Especialista em Bens Culturais – Cultura, Economia e Gestão pela Fundação Getulio Vargas (FGV SP). Graduada em Desenho Industrial pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

  • Maria Cristina da Silva Schicchi, Pontifícia Universidade Católica de Campinas

    Professora titular e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas. Arquiteta e urbanista, doutora pela Universidade de São Paulo. Pós-doutora pela Universidad de Sevilla.

Referências

FONTES ICONOGRÁFICAS

CASARIO na Praça Oswaldo Cruz. São Luiz do Paraitinga/SP, [s. d.]. Arquivo do Iphan/SP. 1.

Fotografia

MAPA da Capitania de São Paulo, 1817 [copiado de original de 1811, destaque]. Arquivo

Público do Estado de São Paulo.

MAPA do Centro Histórico de São Luiz do Paraitinga, 1982. Intervenção sobre planta original.

São Paulo, Condephaat.

MAPA do Centro Histórico de São Luiz do Paraitinga, assinalando o perímetro de tombamento

(pontos coordenados), 2010. Parecer Técnico n. 016/2010 do Processo de Tombamento n.

T-2010, Fl. 049. São Paulo, Iphan.

SILVA, Roxales de Souza e. Desenho da Vila de São Luís do Paraitinga, [1850]. Acervo do

Arquivo Público do Estado de São Paulo. Reproduzido do Dossiê São Luís do Paraitinga. São

Paulo, Iphan/SP, 2010.

FONTES IMPRESSAS

CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e

Turístico do Estado. Estudo de Preservação e Tombamento do Núcleo Histórico de São Luiz do

Paraitinga. São Paulo, 1982.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Dossiê São Luiz do Paraitinga.

São Paulo: IPHAN, 2010a.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Parecer relativo ao Tombamento

do Centro Histórico de São Luiz do Paraitinga. Processo de Tombamento n. 1590-T-10. São

Paulo: IPHAN, 2010b.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Parecer Técnico 001/2010.

Processo de Tombamento no. 1590_T 10. Rio de Janeiro, 2010c.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ata 66ª Reunião do Conselho

Consultivo do Patrimônio Cultural. 9 dez. 2010. Rio de Janeiro, 2010d.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Inventário Nacional de

Referências Culturais (INRC) de São Luiz do Paraitinga. Relatório III. São Paulo: IPHAN,

e.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Processo 01506.004719/2015-

São Paulo: IPHAN, 2015.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Processo 01506.006106/2017-

São Paulo: IPHAN, 2017.

LIVROS, ARTIGOS E TESES

AGUDO TORRICO, Juan. El tiempo de las identidades híbridas. In: GUERRA DE HOYOS,

Carmen; PÉREZ HUMANES, Mariano; TAPIA MARTÍN, Carlos (coords.). Temporalidades

contemporáneas: incluído el pasado en el presente. Junta de Andalucia: Instituto Andaluz del

Patrimonio Histórico. PH Cuadernos, 2012, p. 40-53.

AGUIAR, Mário. São Luiz do Paraitinga (Usos e Costumes). AMI São Luiz: São Luiz do

Paraitinga, [1949] 2011.

CAMARGO, Maria Daniela B. de. São Paulo moderno: açúcar e café, escravos e imigrantes. In:

Terra Paulista. A formação do Estado de São Paulo, seus habitantes e o uso da terra. São

Paulo: Imprensa Oficial, 2004, p. 103-155.

CAMPOS, Judas Tadeu de. A Imperial São Luiz do Paraitinga: história, educação e cultura. 2ª

ed. Taubaté: UNITAU, 2011.

CANDIDO, Antonio. Os parceiros do Rio Bonito – estudo sobre o caipira paulista e a

transformação dos seus meios de vida. 2ª. ed. São Paulo: Editora Duas Cidades, 1971.

CARRIÓN, Fernando. Cultura urbana, ¿ un asunto de imaginarios? In: Quito en la obra de...

Quitología y arte urbano. Quito: FONSAL: Casa de la Cultura Ecuatoriana, 2010, p. 125-146.

DUARTE, Luiz Fernando Dias. Memória e reflexividade na cultura ocidental. In: ABREU,

Regina; CHAGAS, Mário (orgs.) Memória e patrimônio. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009, p.

-316.

LENCLUD, Gérard. A tradição não é mais o que era... Sobre as noções de tradição e de

sociedade tradicional em etnologia. Revista História, Histórias. Brasília, vol.1, n.1, p. 148-163,

LOWANDE, Walter Francisco Figueiredo. Os Sentidos da Preservação: História da Arquitetura e

Práticas Preservacionistas em São Paulo (1937-1986). 2010. 201 f. Dissertação (Mestrado) –

Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História, São

Paulo, n. 10, p. 7-28, 1993.

PETRONE, Pasquale. A região de São Luís do Paraitinga: estudo de geografia humana. Revista

Brasileira de Geografia. n. 3, p. 3-100, jul./set. 1959.

PINTO, Adolfo Augusto. História da Viação Pública, de São Paulo, (Brasil) - São Paulo, 1903,

p.504. In: PETRONE, Pasquale. A região de São Luís do Paraitinga: estudo de geografia

humana. Revista Brasileira de Geografia. n. 3, p. 3-100, jul./set. 1959.

REIS FILHO, Nestor Goulart. Importância da vida urbana no Brasil colonial. In: Atas do 5o

Colóquio Luso-Brasileiro de História da Arte. Faro: Algarve, Portugal, 2001.

SAIA, Luís; TRINDADE, Jaelson Bitran. São Luís do Paraitinga. Publicação no. 2. Conselho de

Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado – São Paulo:

Condephaat, 1977.

SAIA, Luís. Evolução urbana de São Luiz do Paraitinga. In: VII Simpósio Nacional dos

Professores Universitários de História – ANPUH. 1973. Belo Horizonte. Anais. Belo Horizonte:

ANPUH, 1973.

SAIA, Luís. Morada Paulista. 1ª reimpr da 3ª ed. 1995. São Paulo: Perspectiva, 2005.

SANTOS, João Rafael Coelho Cursino dos. A cultura como protagonista da reconstrução de

São Luiz do Paraitinga. 2015. 420 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e

Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Departamento de História. São Paulo, 2015.

SCHMIDT, Carlos Borges. A projetada ferrovia entre o vale do Paraíba e o mar. Revista de

História. v. 6, n. 13, 1953, p. 143-156. Disponível em: https://bit.ly/2kwXWUm. Acesso em:

nov. 2017.

SOUZA, Marina de Mello e. Paraty: a cidade e as festas. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Ouro Sobre

Azul, 2008.

SOUZA, Giane Maria de. Encontros com a memória: uma experiência de educação em

patrimônio histórico In: LEAL, Elisabete; PAIVA, Odair da Cruz (Org.) Patrimônio e História.

Londrina: Unifil, 2014, p.49-62.

TEIXEIRA, Manuel C. A forma da cidade de origem portuguesa. São Paulo: Unesp: Imprensa

Oficial do Estado, 2012.

TELLES, Augusto C. da Silva. O Vale do Paraíba e a Arquitetura do Café. Rio de Janeiro:

Capivara, 2006.

TORRÃO FILHO, Amilcar. O “milagre da onipotência” e a dispersão dos vadios: política

urbanizadora e civilizadora em São Paulo na administração do Morgado de Mateus (1765-

. Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v. XXXI, n. 1, p. 145-165, jun. 2005.

SITES

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População estimada: IBGE, Diretoria de

Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Estimativas da população

residente com data de referência 1º jul. 2018. Disponível em: <https://bit.ly/2DaeHeC>. Acesso

em: nov. 2018.

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO. Plano Diretor. Prefeitura Municipal de São Luiz do

Paraitinga. Disponível em: <https://bit.ly/2lC155B>. Acesso em: jun. 2018.

SINDEC – Sistema Nacional de Defesa Civil. Avaliação de Danos – Avadan. Brasília, 2010.

Disponível em: <https://bit.ly/2lEKxd6>. Acesso em: mar. 2019.

UPPH/CONDEPHAAT. Relatório de Situação São Luiz do Paraitinga. Unidade de Preservação

do Patrimônio Histórico (UPPH) e Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico,

Artístico e Turístico do Estado (Condephaat): São Paulo, 2010. Disponível em: <https://bit.ly/2lEKxd6>. Acesso em: mar. 2019. Acesso em: nov. 2018

Downloads

Publicado

2019-10-16

Edição

Seção

Estudos de Cultura Material

Como Citar

ALLUCCI, Renata Rendelucci; SCHICCHI, Maria Cristina da Silva. São Luiz do Paraitinga: o imaginário fundacional e suas projeções. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 27, p. 1–34, 2019. DOI: 10.1590/1982-02672019v27e15. Disponível em: https://revistas.usp.br/anaismp/article/view/152267.. Acesso em: 21 nov. 2024.