Da eloquência dos frontispícios: discurso político sobre a presença holandesa em Pernambuco
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28e16Palavras-chave:
História e Imagem, Holandeses no Brasil, Pernambuco, Francisco de Brito Freyre, Gaspar van BaerleResumo
O presente artigo tem por objetivo principal discutir as relações estabelecidas entre os frontispícios e as intencionalidades dos livros nos quais foram impressos, nas obras Nova Lusitânia (1675), de Francisco de Brito Freyre, e Rerum per Octennium in Brasilia (1647), de Gaspar van Baerle. Abordamos estes frontispícios contando com a identificação dos atributos, dos personagens e dos espaços representados pelos gravadores de tais imagens, assim como seus conteúdos textuais. Tomando como ponto de partida os aspectos imagéticos presentes nas folhas de rosto dos livros mencionados, buscamos traçar os padrões de intencionalidade presentes nos livros enquanto discursos políticos. Discute-se como Van Baerle acessa os
símbolos a sua disposição para enaltecer os feitos do Conde de Nassau em Pernambuco, da mesma forma que Brito Freyre opera com referências clássicas e constrói uma narrativa heroica de sua própria experiência contra o domínio holandês na América portuguesa.
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