Waldisa Rússio: museologia e política nos anos 1980
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28d2e58Palavras-chave:
Waldisa Rússio, Campo museológico, Política museológica, Década de 1980Resumo
Este artigo utiliza a trajetória da paulistana Waldisa Rússio para observar quais temas mais mobilizaram os agentes brasileiros do campo museológico nos anos 1980. Para isso, situam-se algumas das instituições de então, privilegiando aquelas cujas ações tinham alguma repercussão nacional. Deste modo, observa-se com quais capitais simbólicos Waldisa se inseriu no campo para se alçar progressivamente à condição de autoridade, a ponto de ser ouvida e considerada. Destaca-se como o processo de regulamentação da profissão de museólogo(a) foi marcado por diferentes posições, especialmente sobre qual base do conhecimento habilitaria o profissional para esse labor. Também sobre a produção desse conhecimento, a elaboração teórica da museologia é problematizada como etapa que marca o desenvolvimento do campo. Destaca-se então o protagonismo de Waldisa Rússio ao aliar as dimensões conceitual e política dos museus. Considerou-se sua experiência acumulada nos anos 1980 e sua interlocução com o campo do patrimônio paulista. Relativamente a isso, são mencionados os contextos em que ela se engajou na elaboração de políticas públicas museológicas. Conclui-se que, a despeito do debate quanto à dimensão política da preservação nos anos 1980, em razão inclusive da redemocratização do país, o campo museológico praticamente passou ao largo dessa discussão.
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