Cartas a José Sidrim: grafia dos afetos na Belém do Ecletismo
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-02672021v29e43Palavras-chave:
José Sidrim, Belém, Arquitetura eclética, Cartas, Afeto, Transcrição epistolarResumo
Este trabalho analisa cartas inéditas que comunicam interesses, sentimentos e experiências estabelecidas através do relacionamento do arquiteto José Sidrim (1881-1969) com nobres personalidades da cidade de Belém que o contrataram para projetar e construir suas residências. Transcreve, também ineditamente, os relatos importantes para a pesquisa historiográfica da arquitetura e da história social da arte formado por três exemplares: carta de Guilherme Paiva (1926), de Orlando Lima (1926) e de Benedicto Passarinho (1927), escritas e enviadas a Sidrim ao término das obras. Através da compreensão da cultura escrita e das práticas de correspondências da época, este trabalho objetiva coletar e analisar informações relativas ao exercício da arquitetura, considerando seu âmbito social, as características do ofício de arquiteto em sua época e a construção de uma memória afetiva entre o proprietário da
casa, o arquiteto e a edificação. Investiga-se como os relatos destas cartas narram as vivências e rituais do modo de fazer arquitetura em um momento de inovação artística e política, reflexo
direto do panorama econômico pelo qual a cidade então passava. As cartas provam-se relatos da dimensão dos impactos que a obra arquitetônica pode causar na memória e no imaginário social como declarações, epístolas afetivas, além de como produtos sociais. Consequentemente, a partir do manejo de conceitos de Roland Barthes e Gilles Deleuze, objetiva-se a reconstituição ideológica e imagética de um fragmento tanto da Belém nostálgica, moderna, de caráter idílico como de sua narrativa visual e de sua memória afetiva a partir de tal grafia dos afetos.
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Referências
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