Um novo centenário para o Brasil e seu Museu Nacional
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-02672022v30d1e24Palavras-chave:
Museu Nacional, Nação, Museu, Coleções científicas, História naturalResumo
O Museu Nacional do Brasil comemorou seu segundo centenário em 2018, o mesmo ano em que teve a maior parte de sua sede e de seus acervos destruídos por um incêndio. A data precedia de quatro anos a comemoração do segundo centenário da independência do país, quando se deveria juntar, com destaque, às reflexões e festividades gerais suscitadas pela efeméride. No contexto da restauração do Palácio de São Cristóvão e da recomposição geral da instituição, intenso trabalho de reavaliação do sentido de seu tradicional caráter “nacional” e de sua responsabilidade como o mais antigo museu do país se impôs, ensejando uma tomada de consciência das mudanças no quadro social e cultural nacional geral, particularmente para um “museu de história natural” e de antropologia. O processo de discussão das novas instalações, das coleções e das futuras exposições constitui um processo estratégico nessa reavaliação – com implicações duradouras para o serviço da instituição à nação.
Downloads
Referências
ABREU, Regina. Museus etnográficos e práticas de colecionamento: antropofagia dos sentidos. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro, v. 31, pp. 100-125, 2005.
ABREU, Regina. Entre o universal e o singular, o museu. Notas sobre a experiência dos índios waiãpi no Museu do Índio. In: BITTENCOURT, José; BENCHETRIT, Sara e TOSTES, Vera (eds.). História Representada: o dilema dos Museus. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2003. p. 157-172.
AGOSTINHO, Michele Barcelos. A Exposição Antropológica Brasileira de 1882: a Sala Lund e a exibição de remanescentes humanos no Museu Nacional. Revista Eletrônica Ventilando Acervos, Florianópolis, v. especial, n. 1, p. 36-48, 2019.
AGOSTINHO, Michele Barcelos. O Museu Nacional, o Império e a conquista dos povos indígenas: história, ciência e poder na Exposição Antropológica Brasileira de 1882. 2020. Tese (Doutorado em História Social) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
ANDERMAN, Jens. The Museu Nacional at Rio de Janeiro. In: ANDERMAN, Jens (ed.). Relics and Selves: Articles. Londres: Birkbeck College (University of London), [s.d.].
ARANHA FILHO, Jayme Moraes. Guia da Impermanência das Exposições: uma investigação sobre transformações do Museu Nacional do Rio nos anos 1940. 2011. Tese (Doutorado em Antropologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.
ATHIAS, Renato. Coleções Etnográficas, Povos Indígenas e Repatriação Virtual: Novas questões para um velho debate. In: PACHECO DE OLIVEIRA, João e SANTOS, Rita de Cássia Melo (orgs.). De acervos coloniais aos museus indígenas: formas de protagonismo e de construção da ilusão museal. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2019, p. 337-364.
BESSA, Simone. Musealização e Ordenamento Jurídico do Museu no Brasil: Missão e Função (conceito e prática) no Museu Nacional - UFRJ (séculos XIX-XX). 2017. Dissertação (Mestrado em Museologia e Patrimônio) – Programa de Pós Graduação em Museologia e Patrimônio – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro / Museu de Astronomia e Ciências Afins/MCT, Rio de Janeiro, 2017.
BITTENCOURT, José Neves. Território largo e profundo. Os acervos dos museus do Rio de Janeiro como representação do Estado Imperial. 1808-1889. 1997. Tese (Doutorado em História). Universidade Federal Fluminense. Rio de Janeiro, 1997
CÂNDIDO, Manuelina Maria Duarte et al. O destino das coisas e o Museu Nacional. Revista Eletrônica Ventilando Acervos. Florianópolis, v. especial, n. 1, p. 05 – 17, 2019.
CARVALHO, José Cândido de Melo. Museu Nacional. Boletim Conselho Federal de Cultura, Brasília, v. 7, n. 28, p. 29-68, 1977.
CASTRO FARIA, Luiz de. Antropologia: espetáculo e excelência. Rio de Janeiro: EDUFRJ: Tempo Brasileiro, 1993[1982].
CHAVES, André. ‘É de certo este Gabinete o mais rico em Múmias de que temos conhecimento’ – a coleção egípcia do Museu Nacional e suas leituras nos oitocentos. Revista Eletrônica Ventilando Acervos. Florianópolis, v. especial, n. 1. p.18-35, 2019.
DOMINGUES, Heloísa Maria Bertol. Heloisa Alberto Torres e o inquérito nacional sobre ciências naturais e antropológicas, 1946. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciências Humanas. Belém do Pará, v. 5, n. 3, p. 625-643, 2010.
DUARTE, Luiz Fernando Dias. Processos de Classificação Social nas Coleções de um Museu de Ciências: o caso do Museu Nacional, Rio de Janeiro. In: II SEMANA DOS MUSEUS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 1999, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1999. p. 22-35.
DUARTE, Luiz Fernando Dias. Anthropologie, Psychanalyse et ‘civilisation’ du Brésil de l’entre-deux-guerres. Revue de Synthèse, Paris, v. 3, n. 4, p. 325-344, 2000.
DUARTE, Luiz Fernando Dias et al. Anteprojeto da Nova Exposição — Relatório de Atividades do Escritório Técnico-Cientifico do Museu Nacional. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 2003.
DUARTE, Luiz Fernando Dias. La nature nationale: entre l'universalisme scientifique et la particularité symbolique des nations. Civilisations, Bruxelas, v. LII, n. 2, p. 21-44, 2005.
DUARTE, Luiz Fernando Dias. O Museu Nacional: ciência e educação numa história institucional brasileira. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 25, n. 53, p. 359-384, 2019.
DUARTE, Luiz Fernando Dias; ARANHA FILHO, Jayme Moraes Um museu de história natural na encruzilhada: A fundamentação conceitual de uma exposição no Museu Nacional. In: BITTENCOURT, José; BENCHETRIT, Sara; TOSTES, Vera (eds.). História Representada: o dilema dos Museus. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2003. p. 197-218.
DUARTE, Regina Horta. A biologia militante: o Museu Nacional, especialização científica, divulgação do conhecimento e práticas políticas no Brasil – 1926-1945. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2010.
EWBANK, Cecilia. Antropólogos, curadores de museus e museografia durante a gestão de Heloísa Alberto Torres no Museu Nacional (1938-1955). Musas. Revista Brasileira de Museus e Museologia. Brasília, v. 8, p. 08-22, 2018.
EWBANK, Cecilia. O desaparecimento de museus no Rio de Janeiro e a (re)existência do Museu Nacional. Revista Eletrônica Ventilando Acervos. Florianópolis, v. especial, n. 1, p. 109-118, 2019.
FLOWER, William Henry. Essays on Museums and other Subjects Connected with Natural History. Londres: Macmillan and Co, 1898.
GONÇALVES, José Reginaldo. Os museus e a representação do Brasil. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Brasília, v. 31, p. 254-273, 2005.
GUIMARAENS, Cêça. Museus e centralidade no Rio de Janeiro. In: BITTENCOURT, José; BENCHETRIT, Sara; TOSTES, Vera (eds.). História Representada: o dilema dos Museus. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2003. p. 279- 292.
KEULLER, Adriana T. do Amaral Martins. Os Estudos Físicos de Antropologia no Museu Nacional do Rio de Janeiro: Cientistas, objetos, ideias e instrumentos (1876-1939). São Paulo: Humanitas, 2012.
KOPTCKE, Luciana Sepúlveda. Bárbaros, escravos e civilizados: o público dos museus no Brasil. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, v. 31, p.184-205, 2005.
LIMA FILHO, Manoel Ferreira. Coleção William Lipkind do Museu Nacional: Trilhas Antropológicas Brasil-Estados Unidos. Mana, v. 23, n. 3, p. 473-509, 2017.
LOPES, Maria Margaret. O Brasil descobre a pesquisa cientifica — os museus e as ciências naturais no século XIX. São Paulo: Hucitec, 1997.
NETTO, Ladislau de Souza Melo. Investigações Historicas e Scientificas sobre o Museu Imperial e Nacional. Rio de Janeiro: Sociedade Philomatica,1870.
RUSSI, Adriana e ABREU, Regina. ‘Museologia colaborativa’: diferentes processos nas relações entre antropólogos, coleções etnográficas e povos indígenas. Horizontes Antropológicos, v. 53, p. 17-46, 2019.
MIGLIEVICH-RIBEIRO, Adélia. Revisitando o Museu Nacional e a história da Antropologia no Brasil pelas mãos de Heloísa Alberto Torres. Política & Sociedade, Florianópolis, v. 18, n. 41, p. 27-59, 2019.
NASCIMENTO, Fátima Regina. A formação da coleção de indústria humana no Museu Nacional. Tese (Doutorado em Antropologia Social). 2009 – Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
PACHECO DE OLIVEIRA, João; SANTOS, Rita de Cássia (eds.). De acervos coloniais aos museus indígenas: formas de protagonismo e de construção da ilusão museal. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2019.
PADUA, Camila de (2020). Reinterpretação de uma memória arquitetônica – Museu Nacional. Uma nova vida para o Museu Nacional do Rio de Janeiro. 2020. Dissertação (Mestrado em Arquitetura). Faculdade de Arquitetura, Universidade de Lisboa, 2020.
POMIAN, Krysztof. Coleção. In: Enciclopédia Einaudi, vol.1: “Memória-História”. Lisboa: Imprensa Nacional: Casa da Moeda, 1984. p. 51-86.
RODRIGUES-CARVALHO, Claudia (ed.). 2021. 500 dias de Resgate - Memória, coragem e imagem = 500 days of Rescue - Memory, courage and image. Rio de Janeiro: Museu Nacional. Acessível em https://www.museunacional.ufrj.br/ Acesso em: 6 jun. 2021.
SÁ, Dominichi Miranda de; SÁ, Magali Romero; LIMA, Nísia Trindade. The Brazilian National Museum and its role in the history of science and health in Brazil. Cad Saúde Pública, v. 34, n. 12, p. e00192818, 2018.
SÁ, Magali Romero; DOMINGUES Heloísa Maria Bertol. O Museu Nacional e o ensino das ciências naturais no Brasil no século XIX. Revista da SBHC, v. 15, p. 79-88, 1996.
SCHEEL-YBERT, Rita. The Past, Present, and Future of Archaeology of the Museu Nacional: A Brief Introduction. Latin American Antiquity, v. 31, n. 2, p. 242-246, 2020.
SEREJO, Cristiana. National Museum: Overview of the Collections: Past, Present and Future. Rio de Janeiro: Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2020. Disponível em https://www.researchgate.net/publication/348778784_National_Museum_-_Overview_of_the_Collections_Past_Present_and_Future Acesso em: 6 jun. 2021.
SOARES, Mariza de Carvalho; LIMA, Raquel Corrêa. A Africana do Museu Nacional: história e museologia. In: AGOSTINI, Camilla (ed.). Objetos da escravidão: abordagens sobre a cultura material da escravidão e seu legado. Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2013. p. 90-108.
SOLER, Mariana. Diversidade que se expõe, mas não se representa: o caso da exposição “Conchas, corais e borboletas” (Museu Nacional do Rio de Janeiro, 2013 - 2018). Revista Eletrônica Ventilando Acervos, Florianópolis, v. especial, n. 1, p. 49-70, 2019.
SOUZA, Vanderlei Sebastião et al. Arquivo de Antropologia Física do Museu Nacional: fontes para a história da eugenia no Brasil. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.16, n.3, p.763-777, 2009.
VELOSO JUNIOR, Crenivaldo. Índice de objetos, índice de histórias: o Catálogo Geral das Coleções de Antropologia e Etnografia do Museu Nacional. Revista Eletrônica Ventilando Acervos, Florianópolis, v. especial, n. 1, p. 71-89, 2019.
VIEIRA, Mariane Aparecida do Nascimento. Inventário das perdas de pesquisas discentes em Programas de Pós-Graduação do Museu Nacional. Revista Eletrônica Ventilando Acervos, Florianópolis, v. especial, n. 1, p. 90 – 108, 2019.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Luiz Fernando Dias Duarte
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).