A tangibilidade do intangível: sinos e cidades tocantes
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-02672022v30e43Palavras-chave:
Sinos, Fundição de sinos, Irmandades, Patrimônio material, BrasilResumo
Este artigo objetiva contribuir para as reflexões acerca dos sinos e sua materialidade. Em torno do objeto, há um sistema que envolve aspectos de sua confecção – fundição e afinação
–, seus usos enquanto instrumento litúrgico e civil, assim como práticas e representações desse bem cultural, cujas funções já não são imprescindíveis para a sociedade contemporânea. Para isso, faz-se uso de bibliografia nacional e estrangeira sobre o tema. Com a apresentação de
diferentes aspectos da materialidade dos sinos, procura-se lançar luz sobre a necessidade de pesquisas acerca dos diferentes ofícios mecânicos nas vilas e cidades coloniais, além do desenvolvimento de estudos arqueológicos sobre a fundição sineira no Brasil. Chama-se a atenção, igualmente, para a documentação relativa ao tema, custodiada nos arquivos das irmandades em diferentes cidades brasileiras. Por fim, este artigo procura destacar, por meio
do batismo ou bênção dos sinos, alguns usos, práticas e representações dos “bronzes”. Esses elementos ajudaram na identificação de algumas respostas, ainda que provisórias, acerca da manutenção de práticas sociais em torno dos sinos, conferindo aos grupos que as cultivam um sentimento de pertença à comunidade, além de oferecerem um conteúdo às experiências humanas com o tempo.
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