Artefatos de Conhecimento e Redes de circulação no Império português setecentista: entre as instituições e os processos auto-organizados

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1982-02672024v32e20

Palavras-chave:

Império Português, Circulação do Conhecimento, Economia do Conhecimento, Sociedades do Conhecimento, Redes Auto-Organizadas

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar aspectos do desenvolvimento de uma economia ligada a dinâmicas de produção e circulação do conhecimento no Império português a partir da segunda metade do século XVIII. As sociedades do Antigo Regime impuseram características peculiares aos processos de atribuição de mérito ao conhecimento produzido, principalmente, por agentes não oficiais, envolvendo sociabilização, origem social e até mesmo raça. Nesse sentido, as estruturas sociais do Império tiveram um impacto significativo na vida desses agentes, afetando não apenas os processos de mecanismos de cooperação em redes auto-organizadas ou institucionais, mas também a própria mobilidade social. Para cumprir este objetivo, serão analisadas fontes documentais produzidas em torno da coleção, comércio e circulação de artefatos de História Natural, produzidas por agentes que estiveram, ao mesmo tempo, ligados às atividades de redes auto-organizadas, e também às instituições oficiais do Império. A partir dos referenciais teóricos da História do Conhecimento, pretende-se demonstrar como, através da ampliação da acessibilidade social do conhecimento, estes processos conectaram indivíduos através de redes e instituições imperiais, contribuindo para a formação de uma sociedade global do conhecimento.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Fabiano Bracht, Universidade Federal do Paraná

    Doutor em História pela Universidade do Porto. Professor do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná. E-mail: bracht.fabiano@gmail.com.

Referências

Fontes manuscritas

ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA (ACL). Processos de habilitação de sócios à Academia. Processo de habilitação de Francisco Luís de Meneses, 1781.

ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA (ACL). Série Azul de Manuscritos. Códices 1944 e 1945.

MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL E DA CIÊNCIA DE LISBOA. Fundos do Arquivo Histórico Museu Bocage. AHMB. CN/B93.

MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL E DA CIÊNCIA DE LISBOA. Fundos do Arquivo Histórico Museu Bocage. AHMB. Remessa 382.

MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL E DA CIÊNCIA DE LISBOA. Fundos do Arquivo Histórico Museu Bocage. AHMB. Remessa 383.

MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL E DA CIÊNCIA DE LISBOA. Fundos do Arquivo Histórico Museu Bocage. AHMB. Remessa 384.

MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL E DA CIÊNCIA DE LISBOA. Fundos do Arquivo Histórico Museu Bocage. AHMB. Remessa 385.

ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO (ANTT). Juízo da Índia e da Mina. Cartório do escrivão António Joaquim Peixoto, Maço 6, Documento 8. Código de Referência: PT/TT/JIM/C/0006/00008.

ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO (ANTT). Tribunal do Santo Ofício (1536/1821). Conselho Geral do Santo Ofício (1569/1821). Ministros e Familiares. Diligências de habilitação para o cargo de familiar do santo ofício de Francisco Luís de Meneses, casado com Ana de oliveira. Código de Referência: PT/TT/TSO-CG/A/008-001/8744.

BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL (BNP). COD 6377.

BIBLIOTECA PÚBLICA MUNICIPAL DO PORTO (BPMP). RES-XVII-B-197.

Fontes impressas

BLUTEAU, Rafael. Vocabulario Portuguez e Latino, Aulico, Anatomico, Architectonico, Bellico, Botanico, Brasilico, Comico, Critico, Dogmatico, etc. autorizado com exemplos dos melhores escriptores portuguezes e latinos, e oferecido a el-rey de Portugal D. João V. Coimbra: Officina da Companhia de Jesus, 1712 a 1722, em oito volumes. BNP - L. 2761 A. a L. 2768 A. Disponível em: http://purl.pt/13969/4/. Acesso em: 12 nov. 2024.

BOMARE, Jacques-Christophe Valmont de. Dictionnaire raisonné universel d’histoire naturelle. Paris: Didot, 1764. 5 v. Disponível em: https://archive.org/details/dictionnairerai00chrigoog. Acesso em: 12 nov. 2024.

Livros, artigos e teses

AMARAL Ilídio do. Nótulas históricas sobre os primeiros tempos da Academia das Ciências de Lisboa. Lisboa: Edições Colibri, 2012.

ANTUNES, Cátia; POLÓNIA, Amélia. Introduction. In: ANTUNES, Cátia; POLÓNIA, Amélia (Ed.) Beyond empires: global, self-organizing, cross-imperial networks, 1500-1800. Leiden: Brill, 2016. p. 3-17.

AZARIAN, Reza. The general sociology of Harrison C. White: Chaos and order in Networks. New York: Palgrave Maxmillan, 2005.

BELL, Daniel. Post-industrial society. Londres: Routledge, 2020.

BRACHT, Fabiano. Ao ritmo das monções: medicina, farmácia, filosofia natural e produção de conhecimento na Índia portuguesa do século XVIII. Porto: Afrontamento-CITCEM, 2019.

BRIGOLA, João Carlos. Coleccionismo no século XVIII: textos e documentos. Porto: Porto Editora, 2009.

BRILKMAN, Kajsa. The Circulation of Knowledge in Translations and Compilations: A sixteenthcentury example. In: Östling, Johan et. al. (Org.). Circulation of knowledge: explorations in the history of knowledge. Lund: Nordic Academic Press, 2018. p. 160-171.

BRIGGS, Asa; BURKE Peter. A social history of the media: from Gutenberg to the internet. 3rd. ed. Cambridge: Polity Press, 2009.

CONCEIÇÃO, Gisele C. Natureza ilustrada: processos de construção e circulação de conhecimento filosófico-natural sobre o Brasil na segunda metade do século XVIII. Porto: Flup-Citcem, 2019.

DARNTON, Robert. O Iluminismo como negócio: história da publicação da enciclopédia, 1775-1800. São Paulo: Cia das Letras, 1996.

DIAS, José Pedro Sousa. Droguistas, boticários e segredistas. Ciência e Sociedade na Produção de Medicamentos na Lisboa de Setecentos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2007.

DOMINGUES, Ângela. Para um melhor conhecimento dos domínios coloniais: a constituição de redes de informação no Império Português em finais do Setecentos. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, v. 8, supl., p. 823-838, 2001.

DRUCKER, Peter. The age of discontinuity: guidelines to our changing society. Londres: Routledge, 2017.

DUPRÉ, Sven; SOMSEN, Geert. The history of knowledge and the future of knowledge societies. Berichte zur Wissenschaftsgeschichte, v. 42, n. 2, p. 186-199, 2019.

FURTADO, Júnia Ferreira. Erário mineral de Luís Gomes Ferreira. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2002.

KROHN, Wolfgang. Knowledge societies. International encyclopedia of social and behavioral sciences, v. 12, p. 8139-8143, 2001.

KURY, Lorelai. A filosofia das viagens. In: KURY, Lorelai (org.) O gabinete de curiosidades de Domenico Vandelli. Rio de Janeiro: Editora Dantes, 2008. p. 73-84.

LATOUR, Bruno. Reassembling the social: an introduction to actor-network teory. Oxford: Oxford University Press, 2005.

LEEMANS, Inger; GOLDGAR, Anne (ed.). Early modern knowledge societies as affective economies.Abingdon: Routledge, 2020.

LEITÃO, Henrique; ROMEIRAS, Francisco Malta. The role of science in the history of Portuguese anti-jesuitism. Journal of Jesuit Studies, n. 2, p. 77-99, 2015.

LOPES, Maria de Jesus dos Mártires; MATOS, Paulo Lopes. Naturais, reinóis e luso-descendentes: a socialização conseguida. In: LOPES, Maria de Jesus dos Mártires (coord.). O império oriental: nova história da expansão portuguesa. Lisboa: Estampa, 2006. v. V, tomo 2, p. 15-70.

MACHLUP, Fritz. The production and distribution of knowledge in the United States. Princeton: Princeton University Press, 1962.

MARGÓCSY, Dániel. Commercial visions: Science, trade, and visual culture in the Dutch Golden Age. Chicago: The University Chicago Press, 2014

MUNCK Bert de; ROMANO Antonella. Knowledge and the early modern city: An introduction. In: Knowledge and the early modern city: a history of entanglements. Abingdon: Routledge, 2019. p. 1-30.

ÖSTLING, Johan et al. Circulation of knowledge: explorations in the history of knowledge. Lund: Nordic Academic Press, 2018.

PATACA, Ermelinda Moutinho. Terra, água e ar nas viagens científicas portuguesas (1755-1808). Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.

PRATT, Marie Louise. Imperial eyes: travel writing and transculturation. Abingdon: Routledge, 1992.

RAJ, Kapil. Relocating modern science: circulation and the construction of knowledge in South Asia and Europe, 1650-1900. Hampshire: Palgrave Macmillian, 2010.

RAJ, Kapil. Beyond postcolonialism… and postpositivism: circulation and the global history of science. Isis, v. 104/2, 2013.

RAJ, Kapil. Go-betweens, travelers, and cultural translators. In: FINDLEN, Paula (ed.). Empires of knowledge: scientific networks in the early modern world. New York: Routledge, 2018.

RAMINELLI, Ronald. Ilustração e império colonial. Revista de História, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 36-67, 2012.

RENN, Jürgen. The evolution of knowledge: rethinking science for the anthropocene. Princeton: Princeton University Press, 2020.

RENN, Jürgen. From the history of science to the history of knowledge-and back. Centaurus, v. 57, n. 1, p. 37-53, 2015.

ROBERTS, Lissa. Situating Science in global history: local exchanges and networks of circulation. Itinerario, v. 33/1, 2009.

SILVA, José Alberto Teixeira Rebelo da. A Academia Real das Ciências de Lisboa (1779-1834): ciências e hibridismo numa periferia europeia. Tese (Doutorado) – Universidade de Lisboa, Lisboa, 2015.

STEHR, Nico. Knowledge societies. Londres: Sage, 1994.

STEHR, Nico. Modern societies as knowledge societies. In: RITZER, George; SMART, Barry (eds.). Handbook of social theory. Londres: Sage Publications, 2003. p. 494-508.

WHITE, Harrison C. Identity and control: how social formations emerge. Princeton: Princeton University Press, 2008.

WHITE, Richard. The middle ground: Indians, empires and republics in the Great Lakes Region, 650-1815. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

VERBURGT, Lucas M. The history of knowledge and the future history of ignorance. Know: A Journal on the Formation of Knowledge, v. 1, n. 4, p. 1-24, 2020.

WITCOMB, Andrea. Toward a pedagogy of feeling: understanding how museums create a space for cross-cultural encounters. In: MESSAGE, Kylie; WITCOMB Andrea (ed.). The international handbooks of museum studies. Chichester: Willey-Blackwell, 2015. v. 1. p. 321-344. DOI: 10.1002/9781118829059.wbihms116.

Downloads

Publicado

2025-01-29

Edição

Seção

ECM/Dossiê - Produzir, acumular e transmitir conhecimentos no Império português: práticas materiais, artefatos visuais e criatividade

Como Citar

BRACHT, Fabiano. Artefatos de Conhecimento e Redes de circulação no Império português setecentista: entre as instituições e os processos auto-organizados. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 32, p. 1–29, 2025. DOI: 10.11606/1982-02672024v32e20. Disponível em: https://revistas.usp.br/anaismp/article/view/217834.. Acesso em: 7 mar. 2025.