Senhores das águas: quilombos da Amazônia paraense (século XIX)
DOI:
https://doi.org/10.11606/1982-02672025v33e9Palavras-chave:
Quilombo, Pará, Amazônia, Espaços construídosResumo
Segundo a historiografia especializada, a Província do Pará emitiu no século XIX o maior número de denúncias e ocorrências de escravizados negros em fuga para os quilombos. A vasta e densa Floresta Amazônica e o imenso número de rios foram cúmplices nas fugas e no desenvolvimento desses territórios. O objetivo deste artigo é evidenciar como esses espaços se configuravam e quais lógicas culturais e sociais foram utilizadas para garantir a permanência desses quilombos na Amazônia paraense durante o século XIX. Para isso foram utilizados uma gama de documentos do período, como notícias de periódicos, relatórios provinciais e publicações de viajantes estrangeiros. Como resultado, obtiveram-se evidências documentais que permitiram a reprodução de croquis de implantação desses espaços, demonstrando as lógicas endógenas adotadas e as estratégias socioeconômicas, tais como o domínio da navegação e o vasto conhecimento do território natural pelos quilombolas; a adoção de um padrão de implantação das construções; e os espaços construídos intrincados com os signos naturais. Conclui-se que houve um padrão comum de morfologia nos assentamentos dos quilombos na Amazônia paraense, tendo como principal elemento referencial espacial, simbólico e social os rios.
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