Primeiras bienais de arquitetura do Chile: agenda oculta frente às políticas urbanas de Pinochet, 1976-1985

Résumé

Concebida pelo Colégio de Arquitetos do Chile como forma de estimular a produção local e o diálogo entre arquitetos e a sociedade, a I Bienal de Arquitetura do Chile ocorreu em 1977, apenas quatro anos após o golpe de Pinochet. Realizadas de forma ininterrupta desde então, as narrativas de revisão de seu período inicial geralmente destacaram o aspecto de abertura ao debate internacional que estas exposições permitiram à cultura arquitetônica e urbanística local. Pretende-se demonstrar que as primeiras bienais do Chile também foram um lugar de defesa da atuação profissional dos arquitetos de modo geral e, particularmente, no que tange às questões urbanas. Em um contexto de intervenção militar e desmantelamento das instituições de planejamento urbano e regional constituídas desde o governo de Frei (1965-1970), as bienais permitiram um local a partir do qual era possível debater sobre o urbanismo e a habitação popular e a defesa da posição do arquiteto em frente a esses. Para tanto, buscar-se-á, primeiramente, situar as cinco primeiras bienais chilenas (1977-1985) como peça de resistência em meio à encruzilhada entre o enfraquecimento das instituições de planejamento, a oscilação de políticas urbanas e a depreciação dos órgãos de regulamentação profissional. Na sequência, demonstrar-se-á como as questões pertinentes ao urbanismo praticado por arquitetos, ao patrimônio urbano e à habitação de interesse social, estiveram presentes nessas bienais.