A fugaz paisagem industrial: o desmonte de vilas e núcleos operários no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/1982-02672025v33e25Palavras-chave:
Vila operária, Núcleo operário, Habitação, Arquitetura, Indústria, DesmonteResumo
Este artigo aborda o desmonte de vilas operárias e de núcleos fabris, de mineradoras e madeireiras, aqui entendido como o fim do sistema de gestão do trabalho baseado em provisão pelo empregador de moradias e, muitas vezes, também de serviços como escola, posto médico, clube etc. Mostra como o desmonte costuma se estender por vários anos e se vincular a fenômenos diversos e, muitas vezes, combinados, entre os quais o encerramento das atividades da empresa ou a mudança de sua propriedade ou localização, a necessidade de expansão de áreas de produção, a valorização dos terrenos ocupados pelo conjunto residencial, alterações na produção que envolvem desmobilização de mão de obra e acordos trabalhistas. Assinala indícios de descrédito do “modelo vila operária” na década de 1950, a difusão de venda de casas a partir da década de 1960 e a aceleração e ampliação do desmonte a partir da década de 1980, em um contexto de terceirização de segmentos da produção, privatização de empresas públicas e amplo fechamento de fábricas. Acerca do destino das construções, mostra como o fenômeno pode envolver venda, aluguel, demolição, mudança de uso ou abandono à ruína. Quanto ao destino da vila ou núcleo operário, assinala como seu desmonte pode conduzir à descaracterização, às vezes associada à conversão de um núcleo fabril em cidade ou bairro, à preservação ou à extinção (desaparecimento de construções, parcelamento do solo e infraestrutura).
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