Pedagogias libertárias no encarceramento: é possível educar para a liberdade em espaços de privação de liberdade?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2238-3999.v15i2p87-102

Palavras-chave:

abolicionismo penal, controle social, justiça social, práticas culturais, resistência simbólica

Resumo

Este artigo investiga os limites e as possibilidades de implementação de pedagogias libertárias em contextos de privação de liberdade. Por meio de uma revisão sistemática da literatura, analisa-se como práticas educativas e culturais desenvolvidas no interior do sistema prisional brasileiro operam simultaneamente como estratégias de resistência e dispositivos de controle. Os resultados indicam que, embora existam experiências que tensionam a lógica punitiva, a efetivação de uma educação emancipadora permanece condicionada à articulação com perspectivas abolicionistas e à superação das estruturas que sustentam a racionalidade punitiva.

 

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Biografia do Autor

  • Tiago Negrão de Andrade, Universidade Estadual Paulista

    Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Mídia e Tecnologia da FAAC – Universidade Estadual Paulista (Unesp). Bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas, pela Universidade de Sorocaba (Uniso).

  • Maria Cristina Gobbi, Universidade Estadual de São Paulo

    Pesquisadora Livre-Docente em História da Comunicação e da Cultura Midiática pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). Chefa no Departamento de Jornalismo e professora dos cursos de Graduação e de Pós-Graduação da mesma instituição. Bolsista de Produtividade do CNPq e Bolsista Fapesp (Processo 22/08397-6). Diretora Administrativa da ALAIC. Integra o INCT Caleidoscópio.

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Publicado

2025-12-23

Como Citar

Andrade, T. N. de, & Gobbi, M. C. (2025). Pedagogias libertárias no encarceramento: é possível educar para a liberdade em espaços de privação de liberdade?. Revista Aspas, 15(2), 87-102. https://doi.org/10.11606/issn.2238-3999.v15i2p87-102