Pedagogias libertárias no encarceramento: é possível educar para a liberdade em espaços de privação de liberdade?
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-3999.v15i2p87-102Palavras-chave:
abolicionismo penal, controle social, justiça social, práticas culturais, resistência simbólicaResumo
Este artigo investiga os limites e as possibilidades de implementação de pedagogias libertárias em contextos de privação de liberdade. Por meio de uma revisão sistemática da literatura, analisa-se como práticas educativas e culturais desenvolvidas no interior do sistema prisional brasileiro operam simultaneamente como estratégias de resistência e dispositivos de controle. Os resultados indicam que, embora existam experiências que tensionam a lógica punitiva, a efetivação de uma educação emancipadora permanece condicionada à articulação com perspectivas abolicionistas e à superação das estruturas que sustentam a racionalidade punitiva.
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