v. 13 n. 1 (2023): Raça, Cena e Corporeidades

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Os artigos que você está prestes a ler foram elaborados a partir da seguinte chamada da Revista Aspas:

"A ciência moderna ocidental do século XIX produziu o que é “o outro” a partir da categorização e racialização das diferenças, em detrimento da construção do sujeito universal, cuja razão é argumentada no e pelo homem branco. Os modelos das universidades brasileiras foram produzidos nesta perspectiva, estabelecendo a invisibilização historica científica e cultural das tecnologias produzidas por esse outros, leiam-se: povos originários, negros e quilombolas. 

A partir deste breve apontamento, convidamos para compartilharem em nossa Revista, pesquisadoras/es que investiguem as transversalidades que constituem a cena e as corporeidades dinamizadas no argumento estético e político produzido no âmbito das relações etnico-raciais. Aquilombaremos epistemologias, poéticas e processos artísticos pluricêntricos, visando reflexões críticas para as artes cênicas brasileiras, compartilhando fazeres artísticos e trazendo perspectivas que construam críticas à colonialidade, a partir de produções de conhecimento decoloniais e contracoloniais. Convocamos artistas-investigadora/es dos cursos de Pós-Graduação, a socializarem conosco as suas pesquisas em processos artísticos e formativos a partir de culturas e epistemes brasileiras originárias e africanas em diáspora.   Lançamos aqui, perguntas  norteadoras que conduzirão  os possíveis diálogos a serem  estabelecidos nesta edição:

Qual a relação entre as políticas de cotas nas universidades públicas e a produção de conhecimento contra hegemônico nas artes cênicas brasileiras? Como o sistema de artes se apropria do tema do racismo e colonialismo? Como as produções de arte contemporânea elaboram as discussões estéticas a partir das interseccionalidades de raça, gênero e sexualidade? É possível ser decolonial ou contracolonial nas artes cênicas e/ou na academia? Onde está a contemporaneidade nos argumentos estéticos pautados nos processos de racialização no Brasil? É papel das artes cênicas a construção de reflexões que se valem de perspectivas políticas, históricas e sociais? Em que medida a relação  entre Estado e  as Artes Cênicas  não hegemônicas,  podem promover noções de pertencimento e de construção de memória crítica? Como as compreensões das temporalidades a partir dos saberes negros e dos povos originários se materializam enquanto proposição estética  contemporânea nas Artes Cênicas  brasileira?  Como a produção estética desenvolvida nas ritualidades negras e indígenas contribuem com  noções de comunidade, sujeito e poder? Quais  os agenciamentos desenvolvidos por perspectivas indígenas e negras  que se revelam no tensionamento entre tradição e contemporaneidade nas corporeidades da cena?

Os artigos para esta seção podem tratar tanto das questões terminológicas, dos limites e possibilidades das pesquisas que usam, quanto daquelas que criticam o uso de tais termos. Além disso, trata-se de pensar o amplo espectro de práticas, performances, corporeidades, metodologias e processos pedagógicos e outras atividades circunscritas na dimensão das relações étnico - raciais nas artes cênicas".

Desejamos uma excelente leitura!

Publicado: 2024-10-11

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