Entre a democracia e a verdade: Laclau e o populismo

Autores

  • Camila Batista Pontifícia Universidade Católica do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v1i38p237-245

Palavras-chave:

Populismo, Democracia, Parresía, Discurso

Resumo

Este ensaio pretende problematizar a teoria do populismo de Ernesto Laclau (1935-2014) diante dos frequentes tratamentos caricatos do termo que acabam por reduzi-lo a uma espécie de ameaça generalizada ao campo político. Laclau delimita o terreno democrático no qual uma construção não essencialista do político como populismo se inscreve utilizando, para tanto, ferramentas retóricas. Neste sentido, a relação entre populismo e democracia será abordada de duas maneiras: primeiramente, considerando as interpretações mais recentes de Nadia Urbinati (2019) e Pierre Rosanvallon (2020) e, em seguida, a partir do conceito de “parresía”, presente nos dois últimos
cursos de Michel Foucault (1926-1984) no Collège de France. A retórica aparece como uma característica
constitutiva da má parresía e, ao mesmo tempo, como a possibilidade oferecida por Laclau da significação do povo e do social como objetos coerentes. Neste contexto, buscaremos explicar como o populismo, situado entre a democracia e a verdade, pode ser considerado sinônimo de má parresía e quais os reflexos desta caracterização na teoria do populismo de Ernesto Laclau. 

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Biografia do Autor

  • Camila Batista, Pontifícia Universidade Católica do Paraná

    Doutoranda pelo programa de pós-graduação do P Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PGF-PUCPR, Curitiba) e pelo Dottorato in Scienze Umane dell'Università degli Studi di Ferrara (Itália). Bolsista CAPES/PROSUC.

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Publicado

2021-07-26

Como Citar

Batista, C. (2021). Entre a democracia e a verdade: Laclau e o populismo. Cadernos De Ética E Filosofia Política, 1(38), 237-245. https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v1i38p237-245