Os escravos sem senhores e os senhores sem escravos ou apontamentos sobre o sistema jagunço
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v44i2p%25pPalavras-chave:
Achille Mbembe , Sistema Jagunço , Escravidão, Colonialismo , Capitalismo , SubjetivaçãoResumo
O artigo estabelece um diálogo entre o pensamento de Achille Mbembe e a noção de “sistema jagunço” como instrumento analítico para interpretar as novas formas de dominação e subjetivação no Brasil contemporâneo. Defende-se que a ascensão do bolsonarismo implicou uma inflexão nesse sistema, ao conferir autonomia aos antigos executores da violência em nome das elites, agora protagonistas de uma política identitária marcada pela violência e pelo racismo explícito. Esse deslocamento revela a superação do mito da democracia racial e a emergência de uma nova racionalidade política, cujos contornos podem ser compreendidos à luz das formulações de Mbembe sobre o “devir-negro do mundo” e a produção de “escravos sem senhores e senhores sem escravos” como expressão da reconfiguração do capitalismo e da subjetividade no século XXI.
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