A teoria dos humores de Maquiavel: a relação entre o conflito e a liberdade
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v2i19p43-75Palavras-chave:
Maquiavel , Humores antagônicos , Conflito civil , Liberdade , RepúblicaResumo
O objetivo deste trabalho consiste em analisar o lugar que o conflito de grandes e povo, circunscrito pela teoria dos humores, ocupa no pensamento político de Maquiavel e investigar a sua relação com a liberdade política. A hipótese central é a de que a liberdade somente pode ser alcançada mediante um ponto de equilíbrio entre as forças em conflito. Para isso, é necessário que o conflito, não sendo anulado, seja racionalmente regulado e normalizado pelas instituições republicanas, convertendo-se de força negativa em força capaz de fazer convergir no Estado o bem comum, a ordem social e a liberdade de todo o corpo político. A lei republicana, nascida do permanente confronto dos desejos antagônicos, subverte o caráter negativo dos humores de grandes e povo e canaliza sua força para a vida política, exigindo cidadania ativa de seus membros, isto é, a participação de ambos os humores no espaço público como agentes políticos para a manutenção da liberdade. Para esclarecê-lo, procuramos demonstrar as características do conflito dos humores, de acordo com as quais o desejo dos grandes se confunde com um desejo de poder, enquanto o desejo do povo se associa à liberdade. Para Maquiavel a verdadeira liberdade política somente é possível quando os humores antagônicos podem desafogar seus desejos mediante sua participação no espaço público dos debates e das decisões coletivas, o que pode ocorrer apenas num regime republicano.
Downloads
Referências
ADVERSE, Helton. Maquiavel, a república e o desejo de liberdade. Trans/form/ação. São Paulo, v.30, n.2, p.33-52, nov. 2007.
AMES, José Luiz. Liberdade e conflito - o confronto dos desejos como fundamento da ideia de liberdade em Maquiavel. Kriterion. Belo Horizonte, v.1, n.119, jun./2009, p.179-196. 2009.
BIGNOTTO, Newton. Introdução aos Discursos. In: MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. Tradução MF. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
BIGNOTTO, Newton. Maquiavel republicano. São Paulo: Loyola, 1991.
ENGELMANN, Ademir Antônio. 2005. Maquiavel: secularização, política e natureza humana. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Programa de Pós-Graduação em Filosofia, PUC, São Paulo.
GAILLE-NIKODIMOV, Marie. Conflit civil et liberté: La politique machiavélienne entre histoire et médiecine. Paris: Honoré Champion, 2004.
MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. Tradução MF. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
MAQUIAVEL, Nicolau. História de Florença. Tradução MF. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. 3ed. Tradução de Maria Júlia Goldwasser. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
NADEAU, Christian. Machiavel: domination et liberté politique. Philosophiques, Quebec, v. 30, n.2, p.321 – 351, Outono 2003.
NETO, Manoel de Almeida. O tempo nos Discorsi de Maquiavel. 1999. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, UFMG, Belo Horizonte.
SFEZ, Gérald. Machiavel, La politique du moindre mal. Paris: Presses Universitaires de France, 1999.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2011 Lairton Moacir Winter

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License.