Democracia como Antiutopia
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v1i36p49-60Palavras-chave:
democracia, utopia, liberdade, não-dominação, agonismoResumo
O objetivo do artigo é estudar concepções da democracia como uma antiutopia. Pretendemos
observar o estatuto das relações estabelecidas entre cidadãos e o poder político para mostrar como estas
versões rebaixam as expectativas quanto às promessas do bom governo ou das ficções políticas. Não
se trata aqui de fazer o recenseamento das democracias contemporâneas. Pretendemos destacar duas
acepções para diferenciá-las das ficções políticas ideais e dos modelos utópicos. Na democracia, a
condução do poder político e a ordenação do todo social é demarcada por interrupções e desajustes
constantes. Seja para negar a dominação desmedida do poder político sobre os cidadãos, seja para
afirmar a pertinência dos conflitos, democracias como antiutopias se afastam do ideal de uma sociedade
reconciliada e estática. As mudanças, os impasses e a superação de desafios não demarcam avanços
necessários ou recuos definitivos. A sua trajetória histórica não descreve um percurso teleológico com
vistas a atingir o bem superior. A passagem entre momentos históricos não ocorre como resultado de
uma acumulação de resultados do passado que mira a transição para a redenção definitiva de mazelas
políticas. Partimos da questão: em que sentido a democracia como forma de ordenamento social e de
estrutura do poder político é um modelo antiutópico? Nossa hipótese é que as acepções mencionadas
a seguir advogam em favor de um realismo filosófico político, apresentando a democracia como
experiência política que demanda a constante indagação e reformulação acerca dos limites da liberdade
dos cidadãos.
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Referências
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Números do Financiamento 10/08619-1