O PANENTEÍSMO DA KABBALAH TEOSÓFICA MEDIEVAL NA RELAÇÃO D’US-MUNDO

Resumo

Esta pesquisa trata da relação D’us-mundo na Kabbalah teosófica medieval, propondo investigar a Kabbalah sobretudo pela metafísica. Como tal, investigo o mundo a partir do princípio de razão suficiente segundo o qual deve haver uma explicação para a existência do mundo. Em termos metafísicos, a explicação metafísica remonta à causa eficiente e ao fundamento ontológico. Na Kabbalah, a causa do mundo corresponde a D’us na forma do Seu Ein-Sof, em que Ele faz com que o mundo seja; o modo como Ele causa é por meio de um processo de emanação; e, causando a Si mesmo, o fundamento do mundo também é D’us na forma das Suas Sefirot, em que Ele faz com que o mundo continue sendo. Na articulação da mitologia bíblica pelo cabalismo, mais do que a Criação enquanto a “saída” do mundo em D’us, o mundo também está no Exílio pelo pecado de Adão e Eva; para tanto, os cabalistas especularam que é necessário o “retorno” do mundo para D’us, que é a Redenção. Minha tese, portanto, não só descreve D’us na forma do panenteísmo, onde Ele é transcendente, por isso é causa do mundo, e, ao mesmo tempo, imanente, por isso também é fundamento do mundo, mas também assume o contexto mítico-judaico da Kabbalah para a qual a forma de trazer a Redenção para este mundo é contemplando a D’us na totalidade do seu Ser. Em suma, assumir D’us a partir da Kabbalah implica assumir o panenteísmo, pois na tradição cabalística tal teologia é possível.