Comunicar e educar num Brasil do “quase”: o impacto da branquitude estruturante

Autores

  • Paola Diniz Prandini Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9125.v29i1p219-230

Palavras-chave:

Racismo, Privilégio, Educomunidades, Colonialidade, Brasil pós-colonial

Resumo

A colonização portuguesa, no Brasil, deixou marcas profundas na população. Uma delas é a hegemonia branca – conceituada como branquitude – que transversaliza os modos de ser e de estar brasileiros (apesar de não se limitar apenas a esta nação). Nesse sentido, este artigo pretende analisar alguns dos impactos causados pela branquitude estruturante no país, bem como apresentar caminhos possíveis para a transformação dessa realidade, por meio da construção coletiva de potenciais educomunidades. Desse modo, espera-se que a leitura crítica do Brasil pós-colonial, ora apresentada, colabore para o estabelecimento de estratégias mais justas de comunicar e de educar, colaborativamente, em território nacional.

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Biografia do Autor

  • Paola Diniz Prandini, Universidade de São Paulo

    Doutora e mestra em Ciências da Comunicação, com especialização em Gestão da Comunicação, pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

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Publicado

2024-07-17

Como Citar

Prandini, P. D. (2024). Comunicar e educar num Brasil do “quase”: o impacto da branquitude estruturante. Comunicação & Educação, 29(1), 219-230. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9125.v29i1p219-230