Vitrines da modernidade: simbolismo de ornamentos em edificações ecléticas na Cidade da Parahyba, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v19i38p147-178Palavras-chave:
Patrimônio arquitetônico, Arquitetura eclética, Centros históricosResumo
A introdução do ecletismo no Brasil à Primeira República (1889-1930) coincide com um projeto de modernização urbana que contempla as fachadas das edificações com ornamentos de variados estilos. Constatando-se a carência de investigações sobre o repertório eclético na Cidade da Parahyba (atual João Pessoa, Paraíba), este ensaio examina os atributos morfo-simbólicos de ornamentos de fachada em duas edificações ecléticas localizadas no seu Centro Histórico: Tribunal de Justiça e Loja Maçônica Branca Dias. Para tanto, o contexto sociocultural parahybano é investigado e as respectivas fachadas são fotografadas e redesenhadas para análise ornamental. A pesquisa indica que, enquanto motivos da Loja Maçônica aludem a lendas da civilização egípcia, cultuada pela Maçonaria, o compromisso no Tribunal de Justiça é mais estético do que simbólico, visando ao requinte contemplado pelo projeto modernizante. A ornamentação das frontarias das edificações responde, portanto, ao contexto sociocultural preconizado pelo ideário
republicano, transformando-as em vitrines do novo imaginário urbano moderno.
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