PROBLEMÁTICAS EXISTENCIAIS E MODERNIDADE DE HÚMUS DE RAUL BRANDÃO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v8i15p47-65

Palavras-chave:

Raul Brandão, modernidade, filosofias da existência, Deus, percurso identitário

Resumo

O presente ensaio apresenta uma releitura de Húmus de Raul Brandão centrada nas problemáticas existenciais que atravessam o mencionado texto, sublinhando o trajeto de modernidade que o mesmo prefigura, articulando-o com temáticas e questionamentos de ordem filosófico-antropológica que o século XX desenvolveria. Assim, o pendor metafísico da obra desdobra um conjunto de intuições próprias das filosofias ditas da existência, radicando na ambígua relação com o divino, gerando o pressentimento de uma angústia existencial que implica uma autoexigência de configuração de um sentido que oblitere ou supere a consciência agónica do tempo, sentido que a relação erótica (não) concretizaria. A fragmentação textual, a propensão repetitiva e circular da narrativa, a presentificação, a polifonia, as dilações e omissões discursivas constituem estratégias textuais de desafio à lógica destrutiva do tempo linear tendente ao nada que esta ordem metafísica instaura. O dito desafio, sendo invariavelmente fracassado, acaba ainda assim por derivar numa proposta ética da resiliência face à morte, da elevação da vida como valor, que justifica o cunho pré-existencialista de Raul Brandão e dá o tom da sua modernidade.

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Biografia do Autor

  • Miguel Filipe Mochila, Universidade de Lisboa. Centro de Estudos Comparatistas Universidade de Évora
    Investigador do Centro de Estudos Comparatistas (Universidade de Lisboa, Portugal), no qual integra o projeto DIIA (Diálogos Ibéricos e Ibero-americanos). Doutorando em Literatura, com um projecto financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o qual aborda a recepção ibérica da literatura de Eugénio de Castro. Mestre em Literaturas e Poéticas Comparadas pela Universidade de Évora, com uma dissertação sobre a relação das literaturas e pensamentos de Miguel de Unamuno e Vergílio Ferreira. Possui diversas comunicações em congressos nacionais e internacionais e publicações em revistas e livros relativas às literaturas e pensamentos de autores ibéricos e ibero-americanos dos séculos XIX e XX. Traduziu para português autores como Julio Cortázar, Blas de Otero, Nicanor Parra, Juan José Saer ou Joan Margarit. Colabora como crítico com a revista Suroeste – Revista de Literaturas Ibéricas

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Publicado

2016-08-16

Como Citar

Mochila, M. F. (2016). PROBLEMÁTICAS EXISTENCIAIS E MODERNIDADE DE HÚMUS DE RAUL BRANDÃO. Revista Desassossego, 8(15), 47-65. https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v8i15p47-65