Durante muito tempo fomos dormir cedo: Proust, Barthes e Mário Cláudio contra Sainte-Beuve
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v12i23p185-202Palavras-chave:
Mário Cláudio, Gémeos, Narrativa portuguesa contemporânea, Roland Barthes, Marcel ProustResumo
Neste artigo, partimos das reflexões que Barthes desenvolveu em “Durante muito tempo fui dormir cedo” para analisaralgumas peculiaridades das vozes narrativas presentes no romance Gémeos, de Mário Cláudio. Com isso, tentamos, por um lado, evidenciar possíveis aproximações entre o livro do romancista português e a obra de Proust e, por outro, demonstrar que Gémeos pode ser lido como um texto que efetua um desvio na lógica ilusória da biografia – lógica esta que não apenas faz parte de muitas biografias e romances biográficos mais tradicionais, mas que também é pressuposta pelo biografismo, o método crítico de Sainte-Beuve criticado por Proust. Em nossa análise, procuramos mostrar também a pertinência do conceito de terceira forma de Barthes para a compreensão de algumas especificidades da tessitura do romance de Mário Cláudio. Guiados por esse objetivo, aplicamos o conceito à leitura de Gémeos e, com isso, buscamos indicar mais claramente que o romance de Mário Cláudio é uma obra que, assim como Em Busca do Tempo Perdido, investe em uma escrita que promove uma fissura nos limites entre o narrar e o argumentar.
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Referências
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