"A pandemia foi apenas o despertar que nos acordou a todos”
doenças, dis/(u)topias e resistências em "Em todas as ruas te encontro", de Paulo Faria
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v13i25p4-36Palavras-chave:
Pandemia, Doença, Resistência, Ficção portuguesa contemporânea, Paulo FariaResumo
Escrito e publicado no cerne da pandemia da covid-19, o romance Em todas as tuas te encontro (2020), do escritor português Paulo Faria, põe em evidência uma série de outros dispositivos em processo cumulativo, designados por Slavoj Zizek como “vírus ideológicos” (ZIZEK, 2020, p. 39). Num cenário devassado pela distopia (FROMM, 2009; HILARIO, 2013) de um mundo atingido por uma doença fatal, alguns desencontros, desilusões e outras moléstias (muitas experimentadas individualmente) vão se somando e acarretando, assim, outras formas de vírus (no seu sentido metafórico), num amálgama complexo dentro do corpo social: o racismo, o fascismo, a guerra colonial e o câncer. Diante dessas turbulências, algumas personagens são instadas a uma reação de resistência e de esperança, enquanto formas de tomada de consciência e de iniciativa em vislumbrar “mudanças sociais que se impõem depois de terminar a quarentena” (SANTOS, 2020, p. 15).
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