Cenas da escrita distópica em Golgona Anghel
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v13i25p97-111Palavras-chave:
Golgona Anghel, Ironia, Poesia portuguesa contemporânea, ÉticaResumo
Reflexão sobre a poesia de Golgona Anghel discutindo a relação entre poesia e ética na contemporaneidade. Constata-se, por meio de uma escrita atenta ao cotidiano da cidade (Lisboa) e às vivências do tempo presente, uma discursividade construída por meio da “partilha do sensível”, ou seja, por uma linguagem que afeta os sujeitos e que os leva à consciência da realidade marcada por fracassos e perdas. Observa-se nos gestos de escrita, principalmente nas obras Como uma flor de plástico na montra de um talho (2013) e Nadar na piscina dos pequenos (2017), uma dicção irônica e risível que revela um modo de narrar/partilhar o real em uma poética afetuosa na qual poeta e sujeitos compartilham do desencanto da sociedade do espetáculo. Conclui-se que a distopia latente nas cenas de escrita dos poemas é equilibrada pela partilha de uma linguagem de vai de encontro com o outro.
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