“Quem pode livrar-se, porventura, dos laços que Amor arma brandamente?”: uma leitura das rainhas n’Os Lusíadas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v15i29p218-244

Palavras-chave:

Épica portuguesa, Feminino, Amor

Resumo

No presente artigo propomos pensar Os Lusíadas como uma épica amorosa, que tem sua máxima expressão no feminino. Para isso, analisaremos brevemente as intervenções de Vênus na narrativa, como patrocínio à causa portuguesa, e aprofundaremos as manifestações da deusa do amor nas suas equivalências humanas: as rainhas Teresa, Maria, Inês e Leonor. Como o tema amoroso perpassa o poema até seu clímax, no episódio da Ilha dos Amores, compreendemos que o feminino possui também papel preponderante na diegese desse épico, seja no jogo político em que as figuras régias citadas são envolvidas, seja na condução dos nautas na viagem. Desse modo, entendemos que o feminino, em sua forma humana régia, se dá na tríade mulher-mar-amor em oposição a homem-terra-guerra, o masculino. Logo, o discurso de Vasco da Gama, embora impregnado de concepções próprias de seu tempo, deixa transparecer a linguagem que o poeta empreende n’Os Lusíadas: um poema amoroso, em que o feminino também é herói lusíada.

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Biografia do Autor

  • Bárbara Cecília Kreischer, Universidade Federal Fluminense

    Doutora e Pós doutoranda em Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense. Mestre em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Licenciada em Língua Portuguesa e Literatura pela Universidade Católica Portuguesa. Possui experiência em Literatura Portuguesa (Idade Média e século XVI) e atua como professora na área e na revisão de textos.

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Publicado

2023-07-08

Como Citar

Kreischer, B. C. (2023). “Quem pode livrar-se, porventura, dos laços que Amor arma brandamente?”: uma leitura das rainhas n’Os Lusíadas. Revista Desassossego, 15(29), 218-244. https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v15i29p218-244