“Quem pode livrar-se, porventura, dos laços que Amor arma brandamente?”: uma leitura das rainhas n’Os Lusíadas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v15i29p218-244Palavras-chave:
Épica portuguesa, Feminino, AmorResumo
No presente artigo propomos pensar Os Lusíadas como uma épica amorosa, que tem sua máxima expressão no feminino. Para isso, analisaremos brevemente as intervenções de Vênus na narrativa, como patrocínio à causa portuguesa, e aprofundaremos as manifestações da deusa do amor nas suas equivalências humanas: as rainhas Teresa, Maria, Inês e Leonor. Como o tema amoroso perpassa o poema até seu clímax, no episódio da Ilha dos Amores, compreendemos que o feminino possui também papel preponderante na diegese desse épico, seja no jogo político em que as figuras régias citadas são envolvidas, seja na condução dos nautas na viagem. Desse modo, entendemos que o feminino, em sua forma humana régia, se dá na tríade mulher-mar-amor em oposição a homem-terra-guerra, o masculino. Logo, o discurso de Vasco da Gama, embora impregnado de concepções próprias de seu tempo, deixa transparecer a linguagem que o poeta empreende n’Os Lusíadas: um poema amoroso, em que o feminino também é herói lusíada.
Downloads
Referências
BATAILLE, Georges. O erotismo. Tradução por Antônio Carlos Viana. Porto Alegre: L&PM, 1987.
BERARDINELLI, Cleonice. Estudos camonianos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
BRANDÃO, Junito. Mitologia Grega. Vol. I. Petrópolis: Editora Vozes, 1986.
BRANDÃO, Junito. Mitologia Grega. Vol. II e III. Petrópolis: Vozes, 1987.
CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos. Tradução Nilson Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
CAMÕES, Luiz de. Os Lusíadas. Org. Emanuel Paulo Ramos. Porto: Porto Editora, 2014.
CAMÕES, Luiz de. Os Lusíadas. Reprodução paralela das duas edições de 1572. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1982.
CIDADE, Hernâni. Luís de Camões: o épico. 3ª edição. Lisboa: Editorial Presença, 2001.
DUBY, Georges. Idade Média, Idade dos homens: do amor e outros ensaios. Tradução Jônatas Batista Neto. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
FERREIRA, Maria do Rosário. “L’action culturelle de la reine Teresa du Portugal”. In: Mécénats et patronages féminins en péninsule Ibérique au moyen âge (XIe-XVe siècle). E-Spania: revue interdisciplinaire d’études hispaniques médieváles et modernes. Juin, 2016.
LOPES, Fernão. Crónica do Senhor Rei Dom Pedro oitavo rei destes regnos. 2ª ed. Porto: Livraria Civilização, 1979.
MAFFEI, Luís. “Segundo Camões, a Pedagogia de Vênus e Cupido pelo Amor no mundo”. Remate de Males, Campinas, vol. 34, nº 2, p.513-530, jul/dez, 2014.
MAFFEI, Luís. Camões em feminino. In: Marginalidades Femininas: a mulher na literatura e na cultura brasileira e portuguesa. Montes Claros: Unimontes, 2017.
MAFFEI, Luís. “Camões e o real”. Metamorfoses. Revista da Cátedra Jorge de Sena da Faculdade de Letras da UFRJ, v. 14.1, p. 13-28, 2017.
MALEVAL, Maria do Amparo Tavares. Rastros de Eva no Imaginário Ibérico. Santiago de Compostela: Edicións Laiovento, 1995.
MOURA, Vasco Graça. Luís de Camões: alguns desafios. Lisboa: Vega, 1980.
OLIVEIRA, Maria de Lourdes Abreu de. Eros e Tanatos no universo textual de Camões, Antero e Redol: ensaios de Literatura Portuguesa. São Paulo: Annablume, 2000.
SERRÃO, Joaquim Veríssimo. História de Portugal: Estado, Pátria e Nação. 6ª edição. Braga: Editorial Verbo, 2001.
SOUSA, Maria Leonor Machado. Inês de Castro: um tema português na Europa. 2ª ed. Lisboa: ACD Editores, 2005.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Bárbara Cecília Kreischer
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
O(s) autor(es) declara(m) automaticamente ao enviar um texto para publicação na revista Desassossego que o trabalho é de sua(s) autoria(s), assumindo total responsabilidade perante a lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, no caso de plágio ou difamação, obrigando-se a responder pela originalidade do trabalho, inclusive por citações, transcrições, uso de nomes de pessoas e lugares, referências histórias e bibliográficas e tudo o mais que tiver sido incorporado ao seu texto, eximindo, desde já a equipe da Revista, bem como os organismos editoriais a ela vinculados de quaisquer prejuízos ou danos.
O(s) autor(s) permanece(m) sendo o(s) detentor(es) dos direitos autorais de seu(s) texto(s), mas autoriza(m) a equipe da Revista Desassossego a revisar, editar e publicar o texto, podendo esta sugerir alterações sempre que necessário.
O autor(s) declara(m) que sobre o seu texto não recai ônus de qualquer espécie, assim como a inexistência de contratos editoriais vigentes que impeçam sua publicação na Revista Desassossego, responsabilizando-se por reivindicações futuras e eventuais perdas e danos. Os originais enviados devem ser inéditos e não devem ser submetidos à outra(s) revista(s) durante o processo de avaliação.
Em casos de coautoria com respectivos orientadores e outros, faz-se necessária uma declaração do coautor autorizando a publicação do texto.
Entende-se, portanto, com o ato de submissão de qualquer material à Revista Desassossego, a plena concordância com estes termos e com as Normas para elaboração e submissão de trabalhos. O não cumprimento desses itens ou o não enquadramento às normas editoriais resultará na recusa do material.