Uma leitura de O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago, à luz da alegoria do anjo da história, de Walter Benjamin
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v15i30p12-30Palavras-chave:
José Saramago, Romance Português Contemporâneo, Pós-Modernismo, Alegoria, Walter BenjaminResumo
Há muito se conhece a potência narrativa, imagética e alegórica que marca a obra de José Saramago. Nesse sentido, este artigo se debruça sobre O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) e busca traçar caminhos de leitura que lancem luz sobre a nossa hipótese de que há, neste romance, a consolidação de uma poética dessacralizadora via intertextualidade, ironia e paródia (HUTCHEON: 1985, 1991). Estes elementos são articulados na hermenêutica pós-moderna dos discursos históricos, artísticos e religiosos que compõem o rol de referências desta narrativa. Para isto lançaremos mão de uma abordagem de cunho formalista, conforme Chklóvski (2013) e Todorov (2013), na análise de alguns de seus trechos representativos, bem como dos conceitos de História e de alegoria, de Walter Benjamin (2018, 1987), encarando o romance como uma obra aberta (ECO, 2013) e em sintonia com o ethos da Literatura e das Artes do século XX.
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Referências
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