Um Satanás pelintra: um exercício de leitura do mito fáustico n’Os Maias, de Eça de Queirós
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v15i30p47-73Palabras clave:
Os Maias, Eça de Queirós, Fausto, Mito, Literatura comparadaResumen
A intenção do presente artigo é realizar um exercício de leitura d’Os Maias (2001) [1888], do romancista Eça de Queirós (1845-1900), assim pretende observar como certas características do ‘mito fáustico’ aparecem no decorrer do romance, quais sejam: o desejo pelo conhecimento e a contenda com o saber previamente estabelecido e o controle pelo próprio destino. Assim, o artigo será composto por três partes. Na primeira, apresentar-se-á a trajetória do mito fáustico até a sua recepção em Portugal, no século XIX tendo em vista que o mito fáustico mantém um núcleo duro ao mesmo tempo que se altera conforme o trajeto. Na segunda parte, pretende-se apresentar a aparição, para além do que é visto n’Os Maias. Desse modo, considerar-se-á que o mito pode ser encontrado na crónica “Mefistófeles”, de Prosas Bárbaras [1903] (1912), escrita para o folhetim da Gazeta de Portugal, de 1866 até 1867; e no romance O primo Basílio (1878). Do mesmo modo, ponderar-se-á um pouco sobre a localização d’Os Maias no contexto geral da obra queirosiana, como integrante do projeto literário “Cenas Portuguesas” ou “Cenas da Vida Portuguesa”. Por último, realizar-se-á uma análise de caso da obra de predileção, focando principalmente no primeiro volume do livro que, como foi possível observar, é aquele que traz em suas páginas as representações que consideramos mais pertinentes para uma leitura do mito fáustico. Do arcabouço teórico queirosiano, foi de valia o livro de Izabel Margato, Tiranias da modernidade (2008), e o livro de Sérgio Nazar David, O século de Silvestre da Silva, vol.2: estudos queirosianos (2007). Da mesma forma, os livros Fausto na literatura europeia (1984), organizado por João Barrento, e O olhar de Orfeu (2003), organizado por Bernadette Bricout, foram essenciais para uma ponderação bem fundamentada das bases históricas, literárias e filosóficas do mito fáustico.
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Referencias
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