Um poeta cansado de ser estátua: refigurações saramaguianas de Luís de Camões
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v14i28p106-124Palavras-chave:
Camões, Épica, História, RepresentaçãoResumo
Neste estudo, mostramos que o mito criado em torno de Camões e sua obra tem sido atacado pela competência de autores pós-românticos, desde Oliveira Martins, passando por Jorge de Sena, até chegar a José Saramago, foco deste estudo, em cuja profícua produção literária revela-se um “outro” Camões, poeta cansado de ser estátua, consciente de que sua voz “enrouquecida” ainda há de atingir os ouvidos surdos e endurecidos. Por fim, concluímos que, com a peça "Que farei com este livro?", de 1980, Saramago não realiza, apenas, uma peça de teatro, mas também uma obra sobre a escrita de "Os Lusíadas" e, sem dúvida, um balanço sobre a recepção da obra camoniana no tempo. Portanto, a peça se centra sobre a história não apenas factual, mas também sobre a história textual de "Os Lusíadas", incluindo ainda elementos do contexto de produção de uma obra que ainda luta para resistir ao tempo.
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