"Atenta como uma antena"
a invocação à Musa e a poética da escuta de Sophia
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v11i21p10-22Palavras-chave:
Sophia de Mello Breyner Andresen, Inspiração, Invocação, EscutaResumo
“Arte poética II” de Sophia de Mello Breyner Andresen, como os demais textos da sequência homônima, apresenta uma teoria e uma interpretação da poesia que revelam sobretudo uma visão de mundo. Tratando-a não apenas como objeto sobre o qual tece suas considerações, Sophia transforma a poesia em um sujeito de exigências e pedidos lhe dirigidos, afirmando que “é da obstinação sem tréguas que a poesia exige que nasce o ‘obstinado rigor’ do poema”. Entre as demandas, sobressai o de que esteja voltada para o “universo” e, em formulação que se torna uma espécie de mote de sua produção, que “viva atenta como uma antena”. A ideia de que o poeta deve estar atento perpassará, assim, sua obra poética. A escuta emerge não apenas como uma “vibração com o exterior”, mas como algo que se dá antes por um ímpeto ou desejo de escutar. Como condição fundamental para a escrita, tal desejo tomará forma, em alguns poemas, em termos de um pedido, de uma prece ou, mais especificamente, de uma invocação a uma Musa. Apresenta-se, assim, um momento anterior à escuta e emerge, no rol das três ações andresenianas – escutar, nomear e fazer paisagens, como aponta Silvina Rodrigues Lopes –, uma quarta: invocar – isto é, pedir para escutar. Dedicamo-nos, portanto, a investigar as relações entre escuta e invocação que se apresentam num poema como “Musa”, de Livro Sexto (1962).
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