Reproduzir ou transformar? Análise sobre o papel do professor na manutenção/desconstrução de estigmas na escola
DOI:
https://doi.org/10.1590/s1678-4634201844173362Palavras-chave:
Escola pública, Representação social, Estigmatização, Reprodução social, Transformação socialResumo
Este trabalho foi realizado em uma escola modelo da rede pública de ensino médio na periferia de Fortaleza (CE) e aborda como as diferenças de classes sociais existentes entre professores e estudantes condicionam as representações sociais dos docentes acerca do seu alunado, contribuindo para tornar a escola um espaço de disputa entre a reprodução e a mobilidade social. Em observações exploratórias realizadas no Conselho de Classe ao final do ano letivo de 2012, os pesquisadores constataram a frequente emissão de juízos desqualificadores por professores, ao defenderem a reprovação de estudantes sem êxito em relação ao domínio de habilidades e competências e/ou aos requisitos disciplinares. Em muitas dessas falas, em vez de critérios pedagógicos, predominaram julgamentos com base em marcadores sociais de classe. Assim, no intuito de investigar a hipótese da existência de uma visão estigmatizadora dos professores em relação aos seus alunos, como parte do processo de construção social da escola como espaço reprodutor de desigualdades, seis professores foram entrevistados, e os investigadores constataram o predomínio de dois estilos de pensamento, tipificados como cordial e humanista. A construção de representações estigmatizadoras é característica do tipo cordial (no sentido buarquiano), ao contrário do tipo humanista, que adota posturas mais críticas. Nesse sentido, a polarização entre essas perspectivas indica o papel do professor na escola como agente que pode contribuir para a mudança ou a manutenção da ordem.
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