Prolegômenos para a crítica de Platão à poesia na República

Autores

  • Gabriele Cornelli Universidade de Brasília
  • Thiago Rodrigo de Oliveira Costa Universidade Federal de Goiás

DOI:

https://doi.org/10.1590/s1678-4634201945183807

Palavras-chave:

Platão, República, Poesia, Desejo, Razão

Resumo

O objetivo deste ensaio é situar a crítica de Platão à poesia na República nas suas bases conceituais implícitas, dando visibilidade para importantes aspectos postulados ab anteriori à crítica. A motivação teológica da defesa e da apreensão de Díke na sua manifestação formal, nos níveis individual e político, conduz ao exame de um morfismo entre as partes da psyché e da pólis. O princípio da insuficiência dos elementos da pólis aplicado à psyché conduz a uma apreciação mais positiva da parte concupiscente da alma. Todavia, essa mesma parte da alma é responsável pela introdução do luxo. E é o luxo na alma do indivíduo, ou na pólis, o responsável pela necessidade da defesa e de um governo para a gestão de um agregado de dimensão ampla. Em uma psyché de dimensão ampla, ou em uma pólis inchada para a satisfação de necessidades supérfluas, a necessária gestão dos recursos introduz um princípio de cálculo, o qual é responsável pelo aparecimento da razão. Mas, a atuação da razão é de contenção da parte concupiscente da qual se originou, donde seu aspecto paradoxal. Entretanto, são o cálculo e a medida da razão dos governantes os que impõem como condição para a sua realização uma formação que é muito restritiva para com a parte concupiscente da alma e que é incompatível com a forma mimética da poíesis. É como se a razão fosse um produto do desejo destinado a suprimi-lo, e a poíesis um meio de resistência do desejo à razão.

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Publicado

2019-04-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Prolegômenos para a crítica de Platão à poesia na República. (2019). Educação E Pesquisa, 45, e183807. https://doi.org/10.1590/s1678-4634201945183807