Culturas colaborativas e lideranças pedagógicas: constrangimentos organizacionais, culturais e horizontes de possibilidades

Autores

  • Generosa Pinto Silva Vilela Pinheiro Universidade Católica Portuguesa
  • José Matias Alves Universidade Católica Portuguesa

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349250989

Palavras-chave:

Trabalho colaborativo, Lideranças pedagógicas, Profissionalismo interativo, Comunidades de aprendizagem, Equipas educativas

Resumo

Num momento de viragem de paradigma da administração educativa ao nível do centro político e administrativo, em que o discurso da autonomia das escolas tem deixado algumas marcas nos modos de gestão escolar em Portugal, é importante percecionar cada mudança de uma forma coerente e integradora. Assim, a fim de verificar se os modos de trabalho dos professores têm efetivamente mudado, é conveniente que compreendamos a(s) cultura(s) escolares que marcam o espaço em que os professores exercem a sua atividade e a influência das lideranças no modo como desenvolvem o seu trabalho, sobretudo com os colegas. Para percebermos a forma como a colaboração e as lideranças podem estar a serviço de um professor colaborativo e reflexivo, adotamos uma investigação naturalista de tipo humanista-interpretativo, conjugando uma abordagem quantitativa e qualitativa. Para caracterizarmos a(s) cultura(s) da escola, usamos processos de análise de dados baseados numa estatística de natureza descritiva, que submetemos a uma análise e interpretação estrutural e semântica. Por outro lado, para aprofundarmos alguns contextos singulares e as perspetivas de atores individuais, optamos por uma abordagem qualitativa. Analisados os dados, concluímos que, embora se note da parte da generalidade dos atores escolares uma vontade para instituir a inovação, revelada através da implementação de diferentes dinâmicas colaborativas, esta mudança tem sido muito lenta, ténue e limitada por estrangulamentos estruturais, pela falta de saber fazer e pela fragmentação ou pela balcanização inscritos na história da organização escolar portuguesa e de um corpo docente socializado numa prática profissional solitária e individualista.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

AFONSO, Natércio. Investigação naturalista em educação: um guia prático e crítico. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão, 2014.

ALARCÃO, Isabel; CANHA, Bernardo. Supervisão e colaboração: uma relação para o desenvolvimento. Porto: Porto Editora, 2013.

ALVES, José Matias. A escola e as lógicas de ação: as dinâmicas políticas de uma inovação instituinte. Porto: ASA, 1999a.

ALVES, José Matias. Autonomia, participação e liderança. In: CARVALHO, Angelina; ALVES, José Matias; SARMENTO, Manuel Jacinto. Contratos de autonomia, aprendizagem organizacional e liderança. Porto: ASA, 1999b. p. 15-32.

BARROSO, João. Para o desenvolvimento de uma cultura de participação na escola. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1995.

BARROSO, João. Políticas educativas e organização escolar. Lisboa: Universidade Aberta, 2005.

BOLIVAR, António. Como melhorar as escolas? Estratégias e dinâmicas de melhoria das práticas educativas. Porto: ASA, 2003.

BOLIVAR, António. Gestão e liderança escolar: o que nos diz a investigação à escala global? In: CABRAL, Ilídia; ALVES, José Matias (coord.). Gestão escolar e melhoria das escolas: o que nos diz a investigação. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão, 2020. p. 17-32.

BOLIVAR, António. Melhorar os processos e os resultados educativos: o que nos ensina a investigação. In: MACHADO, Joaquim; ALVES, José Matias (org.). Melhorar a escola: sucesso escolar, disciplina, motivação, direção de escolas e políticas educativas. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, 2014. p. 107-121.

BUSH, Tony. Professional learning communities and instructional leadership: a collaborative approach to leading learning? Educational Management Administration & Leadership, Thousand Oaks, v. 47, n. 6, p. 839-842, 2019.

CABRAL, Ilídia; ALVES, José Matias (coord.). Gestão escolar e melhoria das escolas: o que nos diz a investigação. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão, 2020.

CABRAL, Ilídia; ALVES, José Matias. Gramática escolar e (in)sucesso: os casos do Projeto Fénix, Turma Mais e ADI. In: MACHADO, Joaquim et al. (org.). Educação, territórios e desenvolvimento humano: atas do I Seminário Internacional. v. 2. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, 2015. p. 491-504.

CABRAL, Ilídia; ALVES, José Matias (org.). Inovação pedagógica e mudança educativa: da teoria à(s) prática(s). Porto: Universidade Católica Portuguesa, 2018.

CABRAL, Ilídia; ALVES, José Matias. Um modelo integrado de promoção do sucesso escolar (MIPSE): a voz dos alunos. Revista Portuguesa de Investigação Educacional, Lisboa, n. 16, p. 81-113, 2016.

FLORES, Maria Assunção; FERREIRA, Fernando Ilídio (org.). Currículo e comunidades de aprendizagem: desafios e perspetivas. Santo Tirso: De Facto, 2012.

FORMOSINHO, João; MACHADO, Joaquim. Equipas educativas: para uma nova organização da escola. Porto: Porto Editora, 2009.

FORMOSINHO, João; MACHADO, Joaquim. Tipos de organização dos alunos na escola pública. In: FORMOSINHO, João; ALVES, José Matias; VERDASCA, José (org.). Nova organização pedagógica da escola: caminhos de possibilidades. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão, 2016. p. 19-38.

FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. 18. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2003.

FULLAN, Michael. Liderar los aprendizajes: acciones concretas en pos de la mejora escolar. Revista Eletrônica de Educação, São Carlos, v. 13, n. 1, p. 58-65, 2019.

FULLAN, Michael; HARGREAVES, Andy. Por que é que vale a pena lutar? O trabalho de equipa na escola. Porto: Porto Editora, 2001.

GASPAR, Maria Ivone. Supervisão em contexto de educação e formação: conceções, práticas e possibilidades. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão, 2019.

LIMA, Jorge Ávila de. As culturas colaborativas nas escolas: estruturas, processos e conteúdos. Porto: Porto Editora, 2002.

LIMA, Jorge Ávila de; FIALHO, Adolfo. Colaboração entre professores e perceções da eficácia da escola e da dificuldade do trabalho docente. Revista Portuguesa de Pedagogia, Coimbra, v. 2, n. 1, p. 27-53, 2016.

NEVES, Pedro. Sucesso e mudança nas organizações: uma questão de confiança. Lisboa: RH, 2011.

NÓBREGA, Bruna Medeiros da et al. Capacidades colaborativas e criação de valor: revisão sistemática e agenda de pesquisa. Revista Produção Online, Santa Cruz do Sul, v. 19, n. 4, p. 1146-1176, 2019.

PORTUGAL. Decreto-Lei nº 55, de 6 de julho de 2018. Diário da República, Lisboa, 6 jul. 2018.

ROLDÃO, Maria do Céu. Colaborar é preciso: questões de qualidade e eficácia no trabalho dos professores. Revista Noesis, Lisboa, nº 71, p. 24-29, 2007.

SALLÁN, Joaquín Gairín. Los directivos como promotores de la mejora educativa. Revista Portuguesa de Investigação Educacional, Lisboa, ed. esp., p. 228-256, 2020.

SANTA, Mijalce. Learning organisation review – a “good” theory perspective. The Learning Organization, Bingley, v. 22, n. 5, p. 242-270, 2015.

TORRES, Leonor Lima. Culturas de escola e celebração da excelência: cartografia das distinções em Portugal. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 41, n. esp., p. 1419-1438, 2015.

TYACK, David; TOBIN, William. The “grammar” of schooling: why has it been so hard to change? American Educational Research Journal, Washington, DC, v. 31, n. 3, p. 453-479, 1994.

VAILLANT, Denise. Directivos y comunidades de aprendizaje docente: un campo en construcción. Revista Eletrônica de Educação, São Carlos, v. 13, n. 1, p. 87-106, 2019.

VILLA SÁNCHEZ, Aurelio. Liderazgo: una clave para la innovación y el cambio educativo. Revista de Investigación Educativa, Barcelona, v. 37, n. 2, p. 301-326, 2019.

Downloads

Publicado

2023-12-22

Como Citar

Culturas colaborativas e lideranças pedagógicas: constrangimentos organizacionais, culturais e horizontes de possibilidades. (2023). Educação E Pesquisa, 49(contínuo), e250986. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349250989