A suspensão das suspensões: a “forma escolar” e a “ skholé ” em tempos de pandemia

Autores

  • Luiz Antonio Callegari Coppi Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349265127

Palavras-chave:

Remote teaching, COVID-19 Pandemic, School form, Skholé, Technology

Resumo

A pandemia de Covid-19 promoveu, a toque de caixa dada a urgência do momento, a transposição para plataformas digitais de atividades escolares planejadas originalmente para o contexto presencial. No entanto, a substituição da arena em que as aulas ocorrem não é irrelevante, e, neste artigo, pretende-se mostrar como as características tecnológicas dos aplicativos utilizados tensionam o que, nos últimos séculos, vem se entendendo como escola. Para tanto, propõe-se, em primeiro lugar, uma visita ao momento do ressurgimento da escola durante o Renascimento e a relação desse evento com uma tecnologia específica, a prensa de tipos móveis de Gutenberg — os saberes livrescos, então, instituem a escola como um espaço diferente dos ambientes familiares e sociais, dando origem ao que se convenciona chamar de “Forma Escolar”. A partir daí, o artigo avança na argumentação articulando esse conceito ao de skholé , que concebe a escola como um espaço de suspensão das lógicas que vinculam as crianças e os jovens a uma identidade fixa e incontornável. Essa suspensão permite a eles uma desidentificação em relação a destinos pré-determinados e uma experiência de igualdade, de experimentação de si. Por fim, contrastam-se esses conceitos de “Forma Escolar” e de skholé com as condições de realização do ensino remoto durante a pandemia, e se colocam algumas questões sobre o que se espera da escola enquanto projeto coletivo.

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Publicado

2023-12-22

Edição

Seção

SEÇÃO TEMÁTICA: Educação em contexto de crise sanitária causada pela Covid-19

Como Citar

A suspensão das suspensões: a “forma escolar” e a “ skholé ” em tempos de pandemia. (2023). Educação E Pesquisa, 49(contínuo), e265127. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349265127