Os bebês na sala do berçário: diferentes trajetórias no espaço

Autores

  • Virgínia Souza Oliveira Universidade Federal de Minas Gerais
  • Rafaela Ferreira Marques Marques Universidade Federal de São Carlos
  • Vanessa Ferraz Almeida Neves Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349255022por

Palavras-chave:

Bebês, Educação infantil, Espaço, Psicologia histórico-cultural, Etnografia em educação

Resumo

Este artigo teve por objetivo analisar como dois bebês, com idades entre dez e doze meses, exploraram o espaço de uma sala de berçário durante seu processo de inserção em uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) de Belo Horizonte. No tempo de permanência em campo, durante o ano letivo de 2017, utilizaram-se os seguintes instrumentos de pesquisa: observação participante, videogravações e anotações em diários de campo. A etnografia em educação, em diálogo com a psicologia histórico-cultural e com a teoria da produção do espaço de Henri Lefebvre, possibilitou perceber o/a bebê em um espaço que é produto e produção de tal pessoa. Os/as bebês vivenciaram e exploraram o espaço do berçário, durante seu processo de inserção na creche, de maneiras distintas: (i) por meio do olhar, (ii) do caminhar, (iii) do engatinhar, (iv) do toque, (v) das disputas por brinquedos, (vi) do choro, (vii) do aprendizado do cuidado, (viii) do sono, (ix) dos encontros desses bebês com seus pares e com outras pessoas ali presentes. As trajetórias de exploração dos/as bebês nesse berçário foram marcadas pela unidade dialética [percepção/ação], pois os/as bebês [percebem/agem] sobre o espaço, os artefatos e sobre as pessoas em busca de se familiarizarem com esse novo espaço em que foram inseridos. Houve, então, uma ativa busca, por parte dos/as bebês, de um conhecimento/reconhecimento do espaço e das pessoas para que, talvez, pudessem se sentir pertencentes a esse meio social.

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Publicado

2023-12-22

Como Citar

Os bebês na sala do berçário: diferentes trajetórias no espaço. (2023). Educação E Pesquisa, 49(contínuo), e255022. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349255022por