O papel dos cronistas brasileiros na transformação da imagem da capoeira no início do século XX (1900-1930)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v10i1p331-359Palavras-chave:
capoeira, nacionalidade brasileira, intelectuais, esporteResumo
O objetivo deste artigo é analisar como os cronistas brasileiros do início do século XX constroem uma nova imagem sobre a capoeira para a sociedade brasileira entre os anos 1900 e 1930, valorizando-a enquanto esporte em contraposição à imagem negativa que existia previamente sobre a prática, marcada por ideias do racismo científico. Buscando compreender isso, será realizada a análise de crônicas, artigos e guias esportivos produzidos por intelectuais do período, visando expor os argumentos destes intelectuais que buscaram a valorização da capoeira, expondo as transformações que ocorreram no pensamento social brasileiro sobre a prática da capoeira no período, perpassando questões como a manifestação ou apagamento da herança africana da capoeira.
Além disso, a análise busca entender como a capoeira se insere e quais debates apareceram ligados a ela na construção da nacionalidade republicana brasileira em uma sociedade pós-abolição da escravidão marcada por teorias de superioridade racial e as principais disputas argumentativas nesse meio intelectual. Essa construção da imagem da capoeira com valor e destaque na sociedade teve grande influência na formação das primeiras academias formais de capoeira (1932), a descriminalização da prática (1940, oficialmente), sua subsequente transformação em prática esportiva nacional do Brasil (1941) e posterior difusão pelo mundo, marcando fortemente o entendimento de nacionalidade do povo brasileiro. Assim, entender a forma como os círculos letrados do Brasil reconstroem a imagem da capoeira é buscar compreender uma parte da formação da nacionalidade do Brasil.
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