A continuidade punitiva na história do Brasil: da era colonial à redemocratização
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v10i1p132-162Palavras-chave:
autoritarismo, neoliberalismo, militarismo, punitivismo, escravismoResumo
Este artigo buscou investigar quais os fatores levaram o Brasil a adotar uma política penal de encarceramento em passa, fazendo-o figurar as primeiras posições entre os países que mais prendem sua população – atualmente com mais de 700 mil indivíduos privados da liberdade.
Buscou-se investigar quais fatores contribuíram para a formação de uma cultura punitiva que levou o Brasil a adotar uma política penal de encarceramento em massa, fazendo-o figurar as primeiras posições entre os países que mais prendem sua população. A análise realizou um levantamento dos processos históricos que culminaram neste cenário, desde a colonização até o período imperial, bem como as duas ditaduras que marcaram o País. Concluiu-se que a construção do pensamento punitivo é um processo de continuidade, que perpassa toda a formação do Estado-nação. Constatou-se, dessa forma, uma divisão história de grupos sociais, em que há um reforço ideológico da separação de indivíduos entre “merecedores” e “não merecedores”.
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