Monumento à Juana Azurduy: o epicentro de um debate sobre memória e agenciamentos do passado
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v13i2p307-340Palavras-chave:
monumento público, memória, Juana Azurduy, ArgentinaResumo
O artigo propõe discorrer sobre um episódio recente da história argentina que gravita em torno de um monumento público dedicado à memória de Juana Azurduy, uma militar boliviana de origem indígena que foi alçada ao panteão dos Libertadores da América. A instalação da estátua de Juana, em substituição de outra obra por decisão do então governo, foi objeto de controvérsias envolvendo diferentes segmentos sociais. Diante do ocorrido, é possível pôr em causa os interesses diversos que mobilizam os usos do passado no tempo presente. Neste caso, é possível indagar-se sobretudo sobre os interesses do grupo político em exercício do poder de se associar à figura de Juana Azurduy. O texto figurou um exercício de reflexão sobre o processo de monumentalização e de disputas em torno da memória dessa figura histórica, trafegando diferentes aspectos que tangenciam a relação entre memória, monumento público e cidade. Trata-se mais uma apreciação panorâmica, da qual derivam alguns apontamentos. O episódio aponta para coexistência de distintas matrizes de memória. Perscruta-se, ao longo do texto, sobre a forma singular como, neste caso concreto, veem-se orquestrados diferentes paradigmas de memória. Pondera-se sobre como isso se procede, bem como sobre as condições que viabilizam esses arranjos sui generis que se dão em contextos particulares urdidos no decorrer dos processos históricos.
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