O pecado de simonia e a organização das igrejas no Portugal do século XV

Resumo

No limiar do século XV, entre as mudanças por que passa o reino de Portugal, são decisivas aquelas que dizem respeito à vida espiritual e ao tratamento da fé católica. Nessa altura, tratados religiosos foram indispensáveis para guiar o clero cristão e os fieis em sua jornada de autoconhecimento e aprendizado da fé. A presente pesquisa tem como objetivo analisar os aspectos que conduzem a vida dos fiéis, especialmente no que diz respeito ao conhecimento dos pecados capitais e particularmente o pecado de avareza e suas ramificações, como a simonia e o sacrilégio. Para além das formas de organização espiritual sustentadas na confissão auricular e individual, proposta no IV Concílio de Latrão (1215), tiveram um papel essencial os livros de registro, decorrentes dos concílios regionais celebrados em terras portuguesas. Mais precisamente, a pesquisa visa analisar as descrições das ocorrências do pecado de avareza na sociedade portuguesa do século XV, bem como mapear as circunstâncias que levam às ramificações do pecado de avareza e ajudam a compreender valores cristãos estabelecidos. Os tratados e constituições foram tomados como base para a construção desta pesquisa, por prescreverem as formas devidas para o aperfeiçoamento da vida espiritual, enquanto as constituições regionais reúnem as normas no que concerne à vida material das igrejas e mosteiros, nomeadamente no que diz respeito à preservação dos bens eclesiásticos e consagrados, responsáveis por fomentar a fé e reafirmar a proximidade do fiel ao espaço sagrado.