Os que bancaram o Império: as casas bancárias da Corte e o financiamento do Estado Brasileiro (1860-1864)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v14i1p650-686

Palavras-chave:

Brasil Império, casas bancárias, financiamento público, mercado de capitais

Resumo

As casas bancárias da Corte, assim como toda instituição financeira, podem ser analisadas por dois principais eixos: sua relação com seus credores individuais e sua inserção no mercado interbancário de capitais, sendo tratadas na literatura sob um desses prismas, sem uma ordenação compreensiva de sua atuação. O artigo tem por objetivo integrar os eixos de atuação das casas bancárias sob a ótica do financiamento do Estado, de modo que as casas bancárias, ao redescontar notas promissórias – inclusive aquelas oriundas do crédito não-institucional – em grandes bancos, contribuiriam para a construção dos ativos desses bancos. Uma vez maturadas, essas notas respingaram nos cofres do Império por meio dos leilões de apólices de dívida pública, papéis que poderiam ser repassados às casas bancárias, constituindo ativo em um ciclo virtuoso. Tal movimento de capitais, explicitado a partir de documentação primária antes inexplorada, contribui, também, para a derrubada da barreira entre crédito não institucional e crédito “formal”, tratados, geralmente, de maneira isolada na historiografia especializada. Assim, o papel das casas bancárias na praça carioca foi o de estender o alcance dos grandes bancos, dos quais as classes populares eram tradicionalmente excluídas e, portanto, indiretamente, o de alargar a abrangência financeira do próprio Estado imperial.

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Biografia do Autor

  • Pedro Soares Oliveira, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Graduando em História pela Universidade de São Paulo. Email para contato: pedro.fflch@usp.br

Referências

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Imagens

Imagem 1: Tabela de Balanço da Casa Bancária Oliveira & Belo em 1862, autoral, 2024.

Imagem 2: Tabela de Balanço da Casa Bancária Amaral&Pinto em 1863 Fonte: autoral, 2024.

Imagem 3: Tabela de balanço da massa falida da casa Gomes & Filhos em 1864. Fonte: autoral, 2024.

Imagem 4: Tabela de balanço da massa falida da casa Montenegro & Lima em 1864. Fonte: autoral, 2024.

Imagem 5: Tabela da dívida pública emitida no ano de 1863. Fonte: MINISTÉRIO DA FAZENDA (Brasil). Relatório do Ministério da Fazenda apresentado à Assembleia Legislativa (1863), p. 63. Disponível digitalmente no link: https://digitalcollections.crl.edu/record/1843?ln=en&v=uv#?xywh=-1044%2C968%2C2921%2C1830&cv=62 .

Imagem 6: Tabela mostrando apólices da dívida pública negociadas por Gomes & Filhos no ano de 1863. Fonte: autoral, 2024.

Imagem 7: Tabela do balanço da massa falida da casa A.J.A. Souto&Cia em 1864. Fonte: autoral, 2024.

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Publicado

2025-08-29

Edição

Seção

Artigos

Dados de financiamento

Como Citar

Oliveira, P. S. . (2025). Os que bancaram o Império: as casas bancárias da Corte e o financiamento do Estado Brasileiro (1860-1864). Epígrafe, 14(1), 650-686. https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v14i1p650-686