A Idade Média nos trópicos: uma análise do neomedievalismo brasileiro a partir da telenovela Deus Salve O Rei
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v14i1p110-138Palavras-chave:
Idade Média, neomedievalismo, telenovelasResumo
Em 2018, sob um contexto de ascensão do medievo enquanto nicho mercadológico, a Rede Globo estreou sua primeira novela medieval, Deus Salvei o Rei (DSR). Nesse sentido, o presente artigo, visando acrescentar novas visões no insurgente campo do neomedievalismo na historiografia brasileira, buscou compreender de que maneira essa obra se destaca enquanto um produto neomedieval brasileiro e de que maneira a o medievo foi incorporado ao gênero das telenovelas brasileiras de modo que o público se identificasse com esse período. Para isso, foi realizada uma análise predominantemente visual, utilizando principalmente os métodos sugeridos por Marcos Napolitano, autor fundamental para a compreensão dos usos de audiovisuais na historiografia. Dentre os pressupostos analíticos mobilizados pelo autor em sua obra e que foram aplicados ao objeto de estudo dessa pesquisa, está a necessidade de relacionar as linguagens específicas da fonte com a maneira que ela representa o período histórico em que a trama se passa. Dessa maneira, pode-se aferir que, apesar de evocar elementos considerados medievais a partir de um imaginário popular construído por outros produtos culturais, a obra mantém as principais características e técnicas clássicas das telenovelas, fazendo com que o público já consumidor dessas tramas se reconheçam nos personagens da fictícia Cália. Desse modo, a Idade Média é evocada como cenário de anseios e questões da sociedade brasileira contemporânea. Concordando com Kellen do Carmo Xavier (2018), DSR mostra-se como um híbrido entre as histórias medievais, evocadas pelos elementos audiovisuais, as séries fantásticas, inspiração primária da obra, e as telenovelas, a partir de suas bases técnicas.
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