Entre a Razão e a Revelação: Deísmo e Evangelicalismo na América do Século XVIII e XIX

Resumo

Este artigo investiga a relação entre o deísmo iluminista e o evangelicalismo na formação dos Estados Unidos nos séculos XVIII e XIX. Contesta-se a visão de um triunfo absoluto do revivalismo religioso sobre o racionalismo, no qual o Segundo Grande Despertar representaria a decadência do iluminismo americano. A análise dessas visões permitirá reconstruir disputas e sínteses que moldaram a identidade religiosa e política do país. Enquanto pensadores como Thomas Paine, Thomas Jefferson e Elihu Palmer defenderam uma religião natural baseada na razão, o evangelicalismo em ascensão consolidou-se por meio de estratégias proselitistas e apelo emocional. No contexto político pós-Revolução, a imprensa tornou-se um campo de disputa, no qual os deístas combatiam a religião revelada, enquanto os evangélicos associavam a “infidelidade” à ameaça moral. Este estudo adota uma abordagem da história intelectual para analisar o diálogo entre o deísmo iluminista e o evangelicalismo na formação dos Estados Unidos. Entre os textos analisados, destaca-se o jornal American Aurora, obras de deístas, como os expostos em The Examiners Examined, e escritos de líderes cristãos, como o Antidote to Deism de Uzal Ogden. Além disso, a pesquisa considera as contribuições de figuras influentes como Lorenzo Dow, James Wilson, Elihu Palmer e Ezra Stiles, cujas ideias e posicionamentos oferecem subsídios para compreender o diálogo e a tensão entre a razão e o apelo emocional na consolidação das correntes religiosas.