Entre o não evento e o evento da Revolução Haitiana: Análise do filme Queimada! (1969) sob o apagamento epistêmico da nação negra nas Américas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v14i1p448-471Palavras-chave:
não evento, Michel-Rodolph Trouillot, Queimada!, Revolução HaitianaResumo
A Revolução Haitiana marcou um momento fundamental de luta pela abolição e fim do colonialismo nas Américas, resultando no primeiro Estado fundado sob a afirmação da humanidade plena com a erradicação da escravidão e da presença colonial. O acontecimento na ilha de Saint Domingue desafiou completamente as categorias de pensamento da época, onde o protagonismo da liberdade e da independência, partindo dos escravizados e não do homem branco, era impensável. Dessa forma, o movimento historiográfico que se observa é uma tentativa de apagamento, minimização ou distorção não só da própria revolução mas também das reverberações dela no mundo ocidental, corroborando com a análise de Michel-Rodolph Trouillot da Revolução Haitiana como um “Não evento”. A produção cinematográfica de Gillo Pontecorvo, Queimada! (1969), traz a discussão entre um protagonismo dos escravizados e um protagonismo europeu, auxiliando no entendimento do pensamento de um evento e um não evento haitiano.
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Referências
Referências filmográficas
QUEIMADA!. Direção: Gillo Pontecorvo. Produção de Alberto Grimaldi. Itália. United Artists, 1969.
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