Os paratextos como estratégia de legitimação da autoridade indígena em Nueva Corónica y Buen Gobierno (1615) de Felipe Guamán Poma De Ayala
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v14i1p627-649Palavras-chave:
Autoria indígena, legitimação, paratextos, Poma de AyalaResumo
Este artigo analisa os paratextos da Nueva Corónica y Buen Gobierno (1615), manuscrito atribuído a Felipe Guamán Poma de Ayala, como estratégias de afirmação de autoridade indígena no contexto colonial andino. A pesquisa parte da hipótese de que elementos como a folha de rosto, as cartas ao rei e ao papa, as assinaturas e as imagens contidas nestas páginas funcionam como dispositivos textuais e visuais que posicionam o autor diante das autoridades imperiais e religiosas. O objetivo é compreender como esses limiares textuais moldam a recepção da obra e projetam uma figura autoral legitimada, articulando referências cristãs, andinas e coloniais. A metodologia adota análise documental e leitura intertextual do manuscrito, fundamentando-se nos conceitos de paratexto (Genette), performance discursiva (Adorno) e ch’ixi (Rivera Cusicanqui), compreendido como convivência tensa entre elementos contraditórios. Os resultados indicam que os paratextos não apenas introduzem a obra, mas exercem papel ativo na construção de uma autoridade letrada, marcada por ambivalências e negociações. A figura do autor emerge como sujeito que domina os códigos do poder sem se submeter completamente a eles. Conclui-se que a Nueva Corónica y Buen Gobierno se inscreve como intervenção discursiva, na qual os paratextos operam como zonas de mediação e fricção, exibindo uma autoridade indígena.
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Fontes
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