Baring Brothers e o café: a montagem das bases financeiras da Segunda Escravidão no Império do Brasil (1831-1850)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v14i1p329-364Palavras-chave:
cafeicultura, Segunda Escravidão, História FinanceiraResumo
O presente artigo situa-se na discussão e na formulação da Segunda Escravidão, conceito com o qual parte da historiografia refere-se à escravidão oitocentista nas Américas. Seu principal intuito é oferecer caminhos para a interpretação dos mecanismos financeiros internacionais vinculados à produção das mercadorias produzidas mediante o trabalho compulsório no continente americano durante o século XIX. Para tanto, os recortes espaciais e temporais foram: o território brasileiro — mais especificamente a praça carioca — e o período correspondente aos anos de 1830 a 1850. A análise tentou entender a atuação do banco britânico Baring Brothers & C. no comércio de café, que deu-se mediante o seu envolvimento com importantes firmas comerciais do período, como a Birckhead & C. e a Maxwell, Wright & C. Os resultados obtidos parecem apontar que, na ausência do capital bancário da família Baring, as firmas em questão talvez não poderiam ter levado a cabo negócios tão exitosos. Tamanha é, então, a importância das redes financeiras constituintes do sistema escravista brasileiro no Oitocentos, merecedoras de estudos mais amplos pela historiografia.
Downloads
Referências
Fontes
Todas as fontes foram retiradas do site The Baring Archive, com exceção dos ledgers. Para referenciar as correspondências e os Livros de Conta, segundo a arquivista Clara Harrow, utiliza-se um código alfanumérico — uma combinação de letras e números. Os ledgers são referenciados com um número de 6 dígitos, começando sempre com 1.
Correspondências: Birckhead & C. aos Barings: HC4.2.1A [1830]; HC4.2.1C [1835]; HC4.2.1.4 [1837]. Naylor Brothers & C. aos Barings: HC4.2.5 [1838]. Livros de Conta: AAB.5 (1833); AAB.6 (1836); AAB.7 (1837); AAB.8 (1838); AAB.9 (1839); AAB.10 (1840); AAB.15 (1843); AAB.16 (1844); AAB.17 (1845); AAB.18 (1846); AAB.19 (1847). Ledgers: 100037.
BAKER, John M. A view of the commerce between the United States and Rio de Janeiro, Brazil. Washington: The Democratic Review, 1838.
BIBLIOTECA NACIONAL, Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 1846.
Referências bibliográficas
ABREU, Marcelo de Paiva; LAGO, Luiz Aranha Correa do; VILLELA, André Arruda. A Passos Lentos. Uma história econômica do Brasil Império. São Paulo: Almedina, 2022.
ABSELL, Christopher David. The rise of coffee in the Brazilian south‐east: tariffs and foreign market potential, 1827–40. In: The Economic History Review, vol. 73, n. 4, p. 964-990, 2020.
AUSTIN, Peter E. Baring Brothers and The Birth of Modern Finance. London: Pickering & Chatto, 2007.
BAPTIST, Edward E. A Segunda Escravidão e a Primeira República Americana. In: Almanack. Guarulhos, n. 05, p. 5-41, 2013.
BUCHNEA, Emilly. Bridges and Bonds: The Role of British Merchant Bank Intermediaries in Latin American Trade and Finance Networks, 1825-1850. In: Enterprise and Society, Vol 21, p. 453-493, Jun. 2020.
CHAPMAN, Stanley. The rise of Merchant Banking. London: George Allen & Unwin (Publishers) Ltd, 1984.
ELTIS, David. Economic Growth and Ending of the Transatlantic Slave Trade. Nova York: Oxford University Press, 1987.
HIDY, Ralph Willard. The House of Baring in American Trade and Finance. English Merchant Bankers at Work 1763-1861. Massachusetts: Harvard University Press, 1949.
HORNE, Gerald. The Deepest South. The United States, Brazil, and The African Slave Trade. New York: New York University Press, 2007.
GUIMARÃES, Carlos Gabriel. A presença inglesa nas finanças e no comércio no Brasil imperial. Os casos da Sociedade Bancária Mauá, MacGregor & Cia. (1854-1866) e da firma inglesa Samuel Phillips & Cia. (1808-1840). São Paulo: Alameda, 2012.
JARNAGIN, Laura. A Confluence of Transatlantic Networks. Elites, Capitalism, and Confederate Migration to Brazil. Alabama: The University of Alabama Press, 2008.
JENKS, Leland Hamilton. The Migration of British Capital to 1875. Nova York; London: Alfred A. Knopf, 1927.
JONES, Geoffrey. Merchants to Multinationals. British trading companies in the nineteenth and twentieth century. New York: Oxford University Press Inc., 2000.
KILBOURNE, Richard Holcombe Junior. Slave Agriculture and Financial Markets in Antebellum America. London: Pickering & Chatto, 2006.
LLORCA-JAÑA, Manuel. Shaping Globalization: London’s Merchant Bankers in the Early Nineteenth Century In: The Business History Review. Vol. 88, No. 3, p. 469-495, 2014.
LOBO, Eulalia Maria Lahmeyer. História do Rio de Janeiro: do capital comercial ao capital industrial e financeiro. 2a ed. amp. São Paulo : Hucitec , 2024.
MARQUESE, Rafael de Bivar. Estados Unidos, Segunda Escravidão e a Economia Cafeeira do Império do Brasil. In: Almanack. Guarulhos, n. 05, p. 51-60, 2013.
MARQUESE, Rafael de Bivar; SALLES, Ricardo (orgs.). Escravidão e capitalismo histórico no século XIX. Cuba, Brasil e Estados Unidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
MARQUES, Leonardo. The United States and the Transatlantic Slave Trade to the Americas, 1776- 1867. New Haven; London: Yale University Press, 2016.
MCMICHAEL, Philip. Settlers and the Agrarian Question. Foundation of Capitalism in Colonial Australia. Cambridge: Cambridge University Press, 1984.
MONTAUD, Inés Roldán. Baring Brothers and Cuban Plantation Economy, 1814-1870. In: The Caribbean and the Atlantic World Economy. Circuits of trade, money and knowledge, 1650-1914. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2015.
ORBELL, John. Private Banks and International Finance in the Light of the Archives of Baring Brothers. In: YOUSSEF, C; COTTRELL, P (Editors). In: The World of Private Banking. Farnham: Ashgate, 2009.
PENNA, Clemente. Economias Urbanas: capital, créditos e escravidão na cidade do Rio de Janeiro (1820-1860). Tese (Doutorado em História Social) — Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.
RIBEIRO, Alan dos Santos. The leading commission-house of Rio de Janeiro. A firma Maxwell, Wright & C.o. no comércio do Império do Brasil (1827-1850). Dissertação (Mestrado em História Social) - Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2014.
SWEIGART, Joseph Earl. Coffee Factorage and the Emergence of a Brazilian Capital Market, 1850-1888. New York: Garland Publishing, Inc., 1987.
TAVARES, Luís Henrique Dias. Comércio Proibido de Escravos. São Paulo: Editora Ática 1988.
THURBER, Francis B. Coffee: from Plantation to Cup. A brief history of Coffee production and consumption. New York: American Grocer Publishing Association, 1881.
TOMICH, Dale. Pelo prisma da escravidão. Trabalho, capital e economia mundial. São Paulo: EDUSP, 2011.
STERMAN, Gabriel Gonzalez. As finanças da cafeicultura escravista brasileira na era do tráfico ilegal, 1831-1850. Dissertação (Mestrado em História Social) — Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2025.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 João Vitor Teles do Nascimento

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A revista Epígrafe não exerce cobrança pelas contribuições recebidas, garantindo o compartilhamento universal de suas publicações. Os autores mantêm os direitos autorais sobre os textos originais e inéditos que disponibilizarem e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.