O castelo de cartas da burocracia termidoriana e o Estado operário degenerado burocraticamente

Resumo

O presente ensaio busca entender o “Estado operário degenerado burocraticamente”, bem como expor e discutir suas idiossincrasias e as causas de sua degeneração, situando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em seu contexto histórico e levando em conta as particularidades desse contexto, suas conjunturas internas e externas. Nesse sentido, as análises econômica, política e social são indissociáveis para a compreensão tanto das singularidades quanto das generalidades do evento. Para isso, o livro “A Revolução Traída”, escrito por Leon Trótski, é tomado como a principal fonte. Com isso, chegou-se a quatro conclusões: a) o Estado operário burocratizou-se em razão de fatores interiores e exteriores combinados e em permanente troca, não somente exacerbando um ou outro aspecto; b) a burocratização não ocorreu unicamente pela figura de Joseph Stálin na direção, mas porque fatores históricos engendraram as possibilidades estruturais para tal processo, e a própria burocracia também moldou essas possibilidades, a fim de que mantivesse sua posição de controle e os privilégios que acumulava; c) a personificação da figura de Stálin não torna possível a compreensão dos fatores que levaram à burocratização do Estado soviético, pois o que se deve mobilizar é o fenômeno do stalinismo como chave explicativa dessa conjuntura; d) a análise deve priorizar a observância dos processos históricos e o que sua relação dialética diz com base no contexto histórico mais específico em conjunto e em diálogo com o contexto histórico mais amplo, de forma a não isolar a burocracia.