A luta por uma História escrita por mãos negras: branquitude e o perfil racial dos alunos de História da Universidade Federal de Integração Latino-Americana
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v14i1p139-175Palavras-chave:
branquitude, educação antirracista, Historiografia negraResumo
O estudo proposto investiga a relação entre branquitude e a construção historiográfica a partir da análise do perfil racial dos discentes do curso de História, Licenciatura e Bacharelado América-Latina, da Universidade Federal de Integração Latino-Americana (UNILA). Partindo do pressuposto de que a escrita da história é um ato político, o trabalho problematiza a predominância de estudantes brancos em um curso que visa formar profissionais para atuar em contextos multiculturais na América Latina. A pesquisa articula dois eixos centrais na luta por uma historiografia produzida por autores negros, que conteste narrativas hegemônicas eurocêntricas e a contradição entre o discurso institucional de integração latino-americana e a sub-representação de estudantes negros no corpo discente. Utilizando como metodologia quantitativas com os dados demográficos e análise documental, a fim de examinar como a branquitude opera na reprodução de desigualdades epistemológicas, questionando até que ponto a universidade – como espaço de formação – reflete ou desafia estruturas coloniais na produção do conhecimento histórico. Conclui-se com reflexões sobre políticas afirmativas e a necessidade de descolonização curricular para efetivar uma escrita da história plural e antirracista, visto que o perfil do estudante de história ainda é de pessoas brancas, com ênfase em homens brancos.
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