Das Distinções Sócio-Espaciais das Toxicomanias Cariocas nas Crônicas de Benjamim Costallat (1922-1929)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v2i2p47-64Palavras-chave:
Ópio, Cocaína, Literatura, Rio de Janeiro, Benjamim CostallatResumo
O presente artigo tem por objetivo uma breve reflexão acerca das práticas embriagantes vigentes na cidade do Rio de Janeiro na década de 1920, através da análise das crônicas do escritor e jornalista Benjamim Costallat. Abordando um período inicial das proibições legais do consumo e venda de substâncias psicoativas, e de ecos ainda latentes da influência francesa nos modos e costumes cariocas, este trabalho se debruçará sobre cinco crônicas, publicadas entre 1922 e 1929 no Jornal do Brasil, para ponderar acerca dos “venenos” consumidos na então capital da República. Pensando tais escritos como frutos do pensamento e das possibilidades de uma época, que constroem uma imagem dos objetos de que tratam, buscar-se-á analisar a variedade de substâncias, modos de consumo e meios nos quais se consumiam estas drogas, ponderando o que podiam expressar acerca da constituição social e espacial do Rio em princípios do século XX. Para além disto, pensar também os lugares sociais dos tipos de vício e da reabilitação dos viciados, contrapartes de uma mesma realidade toxicômana. Ópio e cocaína eram consumidos, em ocasiões, por públicos análogos, o que não se pode dizer acerca dos locais de consumo ou o significado de cada vício aos olhos dos pares sociais dos consumidores. E ainda, além deste contraste, a reabilitação se mostra plena e socialmente vexativa, requerendo zelo ao sigilar o confinamento do viciado nos camuflados sanatórios cariocas. As diferentes formas de embriaguez do Rio dos anos 1920, assim, se mostram como possíveis indicadores de distinção social observados espacialmente.
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Referências
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