A recusa aos laços: transmissão psíquica em "Os laços de família" de Clarice Lispector
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v27i2p217-232Palavras-chave:
transmissão psíquica, vínculos sociais, Clarice Lispector, D. W. WinnicottResumo
O objetivo deste estudo teórico é refletir sobre os marcadores da transmissão psíquica no conto “Os laços de família”, de Clarice Lispector, publicado originalmente em 1960. A interpretação ocorreu a partir da psicanálise winnicottiana em diálogo com a psicanálise dos vínculos sociais. A transmissão psíquica emerge como possibilidade de compreender a relação entre a protagonista, sua mãe e seu filho, destacando aspectos não apenas daquilo que é transmitido inconscientemente, mas da transmissão do adoecimento psíquico e da dificuldade em estabelecer vínculos. A transmissão mostra-se um caminho ao qual não se pode recusar. A potência da personagem Catarina reside na tentativa de remalhar, junto ao filho, o que fora comprometido em sua história desde as suas primeiras relações, reavendo falhas ambientais importantes e em direção à resiliência familiar.
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