O lugar da infância hoje: diagnosticalização em tempos anônimos

Autores

  • Mariana Sica Universidade de São Paulo. Faculdade de Educação

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v30i2p222-231

Palavras-chave:

infância, autoridade, anonimato, educação, saúde

Resumo

Neste artigo, discutimos a mudança operada na modernidade que, ao mesmo tempo que cria a noção de infância, realiza um giro discursivo na posição subjetiva de adultos e crianças. Decorre dessa alteração que os adultos, sobretudo nos dias atuais, parecem não conseguir mais falar com as crianças e sobre elas de uma posição subjetiva não-anônima, isto é, de um lugar de autoridade, tal como compreendido no interior do pensamento psicanalítico e arendtiano. A dificuldade de sustentação dessa assimetria estrutural leva à necessidade, cada vez maior, de apoiar o dizer e o fazer junto às crianças em diagnósticos, algo bastante marcado no campo da educação e da saúde. Ao final, apresentamos brevemente algumas experiências que se distanciam desta regularidade e nos inspiram a pensar em outras formas de nos implicarmos na vida junto aos outros.

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Biografia do Autor

  • Mariana Sica, Universidade de São Paulo. Faculdade de Educação

    Psicóloga e psicanalista. Doutoranda em Educação, pela Faculdade de Educação (FEUSP), São Paulo, SP, Brasil. 

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Publicado

2025-08-31

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Sica, M. (2025). O lugar da infância hoje: diagnosticalização em tempos anônimos. Estilos Da Clinica, 30(2), 222-231. https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v30i2p222-231