O lugar da infância hoje: diagnosticalização em tempos anônimos
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v30i2p222-231Palavras-chave:
infância, autoridade, anonimato, educação, saúdeResumo
Neste artigo, discutimos a mudança operada na modernidade que, ao mesmo tempo que cria a noção de infância, realiza um giro discursivo na posição subjetiva de adultos e crianças. Decorre dessa alteração que os adultos, sobretudo nos dias atuais, parecem não conseguir mais falar com as crianças e sobre elas de uma posição subjetiva não-anônima, isto é, de um lugar de autoridade, tal como compreendido no interior do pensamento psicanalítico e arendtiano. A dificuldade de sustentação dessa assimetria estrutural leva à necessidade, cada vez maior, de apoiar o dizer e o fazer junto às crianças em diagnósticos, algo bastante marcado no campo da educação e da saúde. Ao final, apresentamos brevemente algumas experiências que se distanciam desta regularidade e nos inspiram a pensar em outras formas de nos implicarmos na vida junto aos outros.
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